Motores

Caminhão elétrico da Tesla vira estrela pop no Salão de Hannover


Folhapress - 19 set 2024 - 10:19

O caminhão elétrico da Tesla parece um ônibus espacial. É chamativo, tecnológico, aerodinâmico e tosco ao mesmo tempo. Em resumo, é exótico e funcional. Há fila para subir os três degraus que levam à cabine, onde o motorista se coloca em posição central. Há uma tela sensível ao toque de cada lado, com informações sobre tudo o que ocorre por dentro e por fora.

Os gráficos e conteúdos impressionam, embora o ambiente remeta aos carros conceitos dos anos 1990, que tentavam adivinhar como seriam em 2040. Leon, um jovem alemão que tenta organizar a fila, não tem muito a dizer sobre o veículo. Perguntado se há ao menos um QR Code para acessar informações, ele afirma que está tudo no site. Mas tudo é pouco nesse caso.

A página da empresa de Elon Musk diz que o Semi - este é o nome do caminhão - é o futuro do transporte rodoviário elétrico. A autonomia é estimada em 500 milhas (800 quilômetros), e são necessários aproximadamente 20 segundos para se chegar aos 100 km/h. Não há dados técnicos ou estimativa de preço. Leon diz que a potência é de cerca de 1.000 cv, e orienta novamente a consultar o site da montadora.

As poucas especificações disponíveis permitem saber que o peso bruto total (soma de veículo e carga máxima transportada) é de 37 toneladas. Segundo a Tesla, é possível recuperar 70% da energia em meia hora, desde que o Semi esteja plugado em um dos carregadores ultra-rápidos da fabricante. A área envidraçada lembra a viseira de um capacete. O para-brisa e as janelas ficam rentes à lataria e parecem formar uma peça única, mas são partes separadas.

De volta ao interior, a sensação é de se tratar de um conjunto de peças produzidas em impressora 3D. Os materiais parecem ser rígidos e de baixa qualidade, mas a posição central para dirigir e a qualidade das imagens dos painéis digitais impressionam. Há ainda um espaço na parte de trás da cabine, que serve como área de descanso para o motorista. Contudo, diante do tamanho da boleia, parece mal aproveitado.

Mas os principais problemas do Tesla Semi não se resumem ao aspecto interior - que pode mudar até o modelo chegar ao mercado, o que deve ocorrer ao longo de 2025. As complicações, de fato, estão nos outros estandes do Salão de Hannover. Os espaços da feira estão repletos de caminhões 100% elétricos de diferentes marcas, que já estão chegando ao mercado.

Mercedes-Benz também faz aposta na eletrificação

Mercedes-Benz, Volvo e Scania oferecem suas soluções, além das montadoras chinesas. São modelos que podem não ter o mesmo apelo pop do veículo pesado de Elon Musk, mas esse é só um detalhe diante da complexidade do setor de transportes.

O desenho ou as tecnologias são apenas parte da conta, que considera, sobretudo, o custo operacional. A Mercedes, por exemplo, estima que o elétrico eActros 600 vai custar o dobro do valor cobrado por um modelo a diesel equivalente, mas tenta mostrar que a conta fecha por meio de gráficos e projeções.

Essas contas ainda não foram detalhadas pela Tesla, que se resume a dizer que é possível economizar o equivalente a US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) em combustível ao longo de três anos. O cenário, entretanto, tende a ser bem mais complexo do que o encontrado no segmento dos carros de passeio.

Desafio para a transição energética

A eletrificação da frota de caminhões e ônibus é um dos desafios para a transição energética global, devido ao alto custo dos novos modelos, que precisam de baterias mais avançadas. Isso tem atrasado sua adoção. A falta de infraestrutura de carregamento nas estradas e de um mercado secundário de usados são outros obstáculos.

O diesel, principal combustível usado por esses veículos, é os mais poluente entre os derivados do petróleo. Uma alternativa verde aos elétricos são os movidos a gás natural, como o da Scania, que também suporta biometano.

No Brasil, o programa do governo federal Mover oferece incentivos financeiros para o desenvolvimento de tecnologias menos poluentes. Empresas com grandes frotas no país, como Vale e JBS, testam uma transição para modelos movidos a biocombustíveis.