Renovado acordo de pesquisa sobre catalisadores enzimáticos
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) renovaram um acordo de pesquisa para desenvolver catalisadores enzimáticos especificamente adaptados à fabricação de biodiesel por via etílica. O extrato do acordo foi publicado no Diário Oficial da União na quarta-feira passada (31).
Segundo o professor da UFBA que coordena esse projeto, Vitor Hugo Moreau, as pesquisas foram iniciadas em 2008 quando um projeto apresentado por ele foi selecionado num edital da Fapesb e agora está iniciando sua segunda etapa. A ideia da pesquisa é baratear a produção dos biocatalisadores enzimáticos uma vez que os produtos que estão disponíveis hoje em dia no mercado têm preços elevados demais para o bolso das usinas.
A chave desse esforço é o aprimoramento de lipases – enzimas que atuam sobre as gorduras. “Estamos desenvolvendo uma lipase de forma mais rentável e mais barata, para que possa ser aproveitada pela indústria de biodiesel”, diz Moreau. Seu grupo de pesquisas vem trabalhando para modificar a estrutura química das próprias proteínas usadas para que elas se tornem mais adaptadas ao processamento do biodiesel.
Tendência
O professor diz que o uso de lipases já é uma realidade em diversos ramos industriais, como na produção de margarinas, de sabões e alvejantes. “De uns quatro anos para cá seu uso começou a ser estudado na produção de biodiesel. Essa é uma tendência mundial, mas aqui no Brasil ainda temos poucos grupos atuando nessa área”, conta o pesquisador.
O maior problema é atingir um patamar de preço mais confortável para uma indústria que tem margens de lucro bastante apertadas, como o setor de biocombustíveis. “Este ainda é um produto muito caro para essa indústria”, resume. Por isso, o grupo liderado por Moreau vem estudando nos últimos quatro anos formas de produzir em larga escala a lipase fabricada a partir de uma levedura chamada Pseudozyma antarctica com uma rentabilidade melhor do que os processos convencionais.
O principal benefício que essa nova geração de catalisadores traria para indústria do biodiesel seria a capacidade de converter óleos com elevado teor de acidez. Para manterem sua eficácia, os processos usados atualmente pelas usinas de biodiesel dependem de matérias-primas de boa qualidade – consequentemente mais caras – ou uma dispendiosa fase de pré-tratamento. O uso de biocatalizadores, portanto, permitiria ampliar o leque de óleos e gorduras que podem ser convertidos em biodiesel.
Os biocatalisadores também tornariam as usinas ambientalmente mais amigáveis já que diminuiria consideravelmente a presença de sais e outros contaminantes no produto final. Essa medida reduziria a quantidade de água consumida nos processos de lavagem do biodiesel.
Etanol
Outra vantagem seria a maior tolerância do processo de produção biocatalisado em relação à presença de água. Isso permitiria que as usinas pudessem passar a usar etanol hidrato em seus processos de fabricação. Hoje, as usinas usam metanol derivado do gás natural. “Quando você usa enzima, o processo é favorecido pelo etanol”, completa.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com