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Pesquisa

Mistura de diesel com biodiesel pode abastecer navios de forma eficiente, diz estudo


O Globo - 08 fev 2024 - 08:44

Em um cenário preocupante em que o meio ambiente exige que o mercado de petróleo procure formas de descarbonização, o Ministério de Minas e Energia e a ANP vão receber em março um estudo sobre a utilização de biodiesel como combustível nas embarcações. A pesquisa mostra que a adição de 7% do biocombustível ao diesel marítimo pode ser utilizada sem gerar perdas em comparação ao combustível tradicional.

O estudo começou a ser feito em 2021. O biodiesel utilizado é de segunda geração, feito 50% a partir de resíduos animais, como sebo suíno ou gordura de porco, e os outros 50% com óleo de cozinha usado.

A pesquisa foi feita pela Bunker One, empresa multinacional de comercialização de bunker (combustíveis marítimos), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). De acordo com o CEO da empresa, Flavio Ribeiro, ao entregar esse primeiro teste ao governo, o material poderá ser avaliado e replicado por outros agentes, abrindo caminho para novas pesquisas e aprofundamentos, que culminem na adoção do biodiesel no bunker.

"Nossa ideia é uma adoção gradual do biocombustível pela indústria de petróleo e gás e naval. Esse estudo é um primeiro passo, que apontou a viabilidade do seu uso nas operações marítimas. Agora, é importante que haja uma continuidade, com mais testes e projetos que demonstrem a funcionalidade do biocombustível e uma boa vontade dos players do mercado para que esse novo produto seja rapidamente inserido nas operações", disse o executivo.

No teste feito com a mistura do biodiesel com diesel marítimo foi registrada uma redução de 2% na emissão de gás carbônico. De acordo com a professora de Química do Petróleo da UFRN Amanda Gondim, que participou do projeto, a expectativa é que um aumento do percentual de biodiesel na mistura gere uma redução proporcional na emissão de gases do efeito estufa.

Segundo Flavio Ribeiro, da Bunker One, a empresa tem clientes interessados em biocombustível. E, seguindo os passos da matriz dinamarquesa, a subsidiária brasileira espera poder, em um futuro próximo, comercializar combustíveis verdes no Brasil.

A Petrobras também tem feito testes sobre o desempenho do combustível marítimo e o biodiesel. Em dezembro, eles abasteceram um navio usado em rotas de cabotagem de contêineres no litoral brasileiro com biodiesel certificado derivado de gordura animal (sebo) na mistura com o bunker mineral.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou em dezembro o aumento dos percentuais de biodiesel no óleo diesel, utilizado no transporte rodoviário. A partir de março, a mistura subirá de 12% para 14%. Para 2025, subirá para 15%.