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Soja

Redução na mistura do biodiesel para 10% pode levar esmagamento de soja do BR a níveis de 2019


Notícias Agrícolas - 13 abr 2021 - 11:55

A redução da mistura de 13% para 10% do óleo de soja no biodiesel no Brasil, anunciada na última sexta-feira (9) pelos ministérios de Minas e Energia e da Agricultura, deverá acarretar alguns impactos sobre o mercado brasileiro e foram esses efeitos que o analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, trouxe em sua última entrevista ao Notícias Agrícolas. "

A mudança, segundo o especialista, se dá essencialmente ao momento de preços historicamente para os óleos vegetais - entre eles o óleo de soja -, os quais têm testado suas máximas entre oito e dez anos, a depender do produto e da região, puxados por uma oferta menor e uma demanda que cresce em ritmo bastante acentuado.

"E com isso não se contava, que o biodiesel ficasse tão caro que fosse encarecer o diesel", diz. "Se o óleo de soja no mercado internacional não recuar durante o ano, no Brasil também não recua, e essa redução de B13 para B10 (hoje tida como temporária) pode ser estendida para o ano todo".

Cálculos trazidos em um posicionamento conjunto da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) já apontam para um menor consumo de óleo de soja em 650 mil toneladas; redução de 3,25 milhões de toneladas no esmagamento; redução de 2,6 milhões de toneladas na produção de farelo e um aumento de 84,5 para 88 milhões de toneladas as exportações.

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"O Brasil, tendo uma soja mais competitiva do que a americana, poderia roubar um pedacinho do início do programa de exportação dos Estados Unidos, setembro ou até mesmo outubro, e isso impacta nas cotações em Chicago, que já tem uma tendência sazonal de queda pela entrada da safra norte-americana", explica o analista.

No entanto, Vanin lembra ainda que com esse maior volume de soja brasileira chegando ao mercado, caso toda essa dinâmica se confirme, os prêmios tendem a ficar pressionados por mais tempo no mercado nacional. E assim, nessa conjuntura, já sabendo que o Brasil terá um esmagamento menor, vai depender da China mudar a história desse mercado. "Esse é o ponto principal daqui pra frente, observar se a demanda da China está voltando ou se está estável, porém, em um ritmo menor do que começou o ano", diz.

Para o mercado do farel de soja, os impactos ainda poderiam ser limitados, também como explica o analista. A Argentina já registra um aumento de seu esmagamento e de suas exportações, e ajuda a equilibrar o mercado. Para o Brasil, porém, a atenção deverá se dar nos próximos meses.

"Nesse momento há uma boa oferta de farelo, mas durante o ano, principalmente no segundo semestre, se exportar bastante soja e isso comprometer o esmagamento, teremos uma falta de farelo. Mas, temos que olhar a demanda interna brasileira, que vai poder ser menor por conta do milho muito caro, o que pode acarretar em uma queda nas estimativas do consumo de rações, e aí o farelo seria atingido também", diz Vanin.

Carla Mendes – Notícias Agrícolas