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Soja

Modelos indicam que La Niña poderá ter intensidade forte; resfriamento está acima da média


Notícias Agrícolas - 03 nov 2020 - 09:54

Produtores de todo o país seguem acompanhando a evolução do fenômeno La Niña nos próximos meses. De acordo com análise feita por Estael Sias, meteorologista da MetSul, o resfriamento segue acontecendo com intensidade.

“O que a gente observa no mês de outubro, é que a temperatura só caiu. No mês de outubro a curva é só descendente, mostrando que o resfriamento é mais forte e persistente. A tendência é de que o declínio seja ainda maior”, afirma.

Conforme o mais recente boletim da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central, a chamada região Niño 3.4, está em -1,4°C, assim no limite da categoria de moderado (-1°C a -1,4°C) e forte (-1,5°C a -1,9°C). Já a região Niño 1+2, a do Pacífico Equatorial Leste, perto das costas do Peru e do Equador, teve uma anomalia na última semana de -1,2°C.

Os números chamam atenção porque a baixa nas temperaturas já está no limite para um La Niña de forte intensidade. “Isso indica que ainda tem água fria para emergir, ou seja, vai esfriar mais nas próximas semanas e a perspectiva continua sendo que o ápice do fenômeno acontecer justamente em dezembro, janeiro e fevereiro”, explica Sias.

A tendência é de uma diminuição nos volumes a partir de novembro em toda a região Sul do Brasil. As projeções indicam precipitação irregular e abaixo da média na maior parte do Centro-Sul do Brasil agora no trimestre da Primavera e risco de estiagem no Verão no Rio Grande do Sul, principalmente no Oeste e no Sul do Estado.

O evento La Niña leva muito preocupação para o produtor do Rio Grande do Sul, que já enfrentou uma seca severa na safra passada, impactando diretamente a produção de grãos do estado. Além disso, Santa Catarina e Paraná também já enfrentam sinais da estiagem, que pode ficar ainda mais severa se o La Niña evoluir para intensidade forte no próximo trimestre.

Especialista em fisiologia e nutrição de plantas, o agrônomo Elmar Floss destaca que a estiagem como consequência do La Ninã, acaba resultando em impactos severos para o desenvolvimento da soja. “O La Niña cria distúrbios nutricionais e hormonais na planta, queda de folha, flores e vagens”, explica o especialista.

Ele afirma ainda que o produtor que fez uma boa cobertura de solo pode sentir os impactos com menos intensidade. “A orientação para minimizar os impactos é que o produtor faça uso de bioativadores para introduzir os nutrientes necessários na planta”, comenta.

Flossa aconselha ainda que o produtor coloque o bioativador no momento em que for fazer aplicação dos herbicidas, além de fazer uma adubação equilibrada. “Os modelos mais recentes seguem indicando um La Niña com intensidade e com certeza teremos a precipitação abaixo da média, umidade relativa do ar fora da normalidade e temperaturas mais baixas, tudo isso afetará as culturas de soja e milho”, comenta.