As coisas não andam fáceis para quem depende de soja no Brasil. Embora o país tenha – finalmente – passado os EUA e assumido a liderança global da produção desta oleaginosa, estamos encerrando o ano praticamente contando os grãos que sobraram no fundo dos silos. Pelas contas mais recentes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Brasil deve fechar 2020 com menos de 670 mil toneladas estocadas. Esse será o menor volume num histórico que cobre mais de duas décadas.
O resultado é que já tem gente bastante preocupada em como é que vai fazer para conseguir atravessar os meses que ainda faltam até que a soja da safra 2020/21 comece a chegar ao mercado lá por fevereiro que vem. “O que eu tenho visto entre os compradores é que eles já estão tendo dificuldade com a originação. As maiores empresas estão com posições compradas, mas as médias e pequenas devem começar a ter dificuldades séria nos últimos meses do ano”, avalia Gabriel Viana, analista de farelo e óleo de soja da consultoria Safras & Mercado.
Casa de ferreiro
Para entender como se formou essa situação desconcertante onde o líder isolado do mercado de soja acaba ficando quase sem nenhuma para si mesmo, devemos olhar para a balança comercial.
Só nos primeiros seis meses de 2020, as exportações brasileiras de soja em grão superaram a marca das 60 milhões de toneladas. Isso já torna este ano o quarto maior para as exportações da sojicultura nacional atrás apenas de 2017, 2018 e 2019.