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Soja

Clima deve atrasar plantio de soja no país


Valor Econômico - 03 set 2018 - 08:58

O início do plantio de soja no país, que normalmente ocorre em setembro nas principais regiões produtoras, deve atrasar nesta safra, a 2018/19, de acordo com previsão de meteorologistas. A razão é que as chuvas devem começar mais tarde neste ano. Além disso, a expectativa é que as precipitações sejam irregulares.

Embora setembro comece chuvoso, as precipitações devem se manter apenas até terça-feira, e o tempo deve ficar seco até fim do mês, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No início de outubro, haverá chuvas, mas irregulares.

Apesar disso, o meteorologista do instituto, Marcelo Schneider, diz que o volume de chuvas deve se manter dentro da média na maior parte do país. “É uma época de instabilidade mesmo, de transição do inverno para a primavera, quando surgem os primeiros sinais de chuva”.

Segundo João Castro, agrometeorologista da Climatempo, as regiões com maior irregularidade nas chuvas serão Mato Grosso — o maior produtor de grãos do país — e o Matopiba (confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

“Em Mato Grosso, as chuvas devem ficar abaixo da média em outubro e novembro, e isso pode dificultar o estabelecimento das culturas”, afirma Castro. “Eu ficaria preocupado com o Mato Grosso porque essa irregularidade é muito grande e qualquer 10% de quebra acaba impactando a safra brasileira como um todo”, ressalta.

No caso do Matopiba, o meteorologista afirma que o normal é que as chuvas se iniciem em novembro. E diante das expectativas de formação do fenômeno El Niño, há previsões de precipitações abaixo da média até janeiro. Segundo previsão do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o El Niño deve elevar as temperaturas em todo o país entre o fim de 2018 e início do próximo ano.

Nas demais regiões produtoras do Centro-Oeste e Sudeste, apesar da irregularidade das chuvas, as expectativas são de problemas pontuais. “Como as chuvas virão muito irregulares entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro, pode haver uma região plantando bem e a outra, que é vizinha, não”, diz o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos.

Ele afirma, porém, que há previsão de chuvas pontuais na época do fim do plantio, em outubro, um cenário melhor do que o visto na safra passada, quando o clima ficou seco nesse período. “Com isso, o [ritmo de] plantio não deve andar com a mesma velocidade de um ano normal, mas também não deverá ter nenhum atraso generalizado como em 2017”, avalia.

Para a região Sul, as previsões são de chuvas acima da média a partir de setembro, condição característica de El Niño. A região enfrentou seca no ano passado devido à formação do La Niña, fenômeno caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do oceano Pacífico e que provoca efeitos contrários aos do El Niño: chuvas acima da média no Nordeste e abaixo da média no Sul.

Mesmo com as apreensões acerca do clima, a expectativa é de aumento no plantio de soja no país em 2018/19 em função da alta do dólar e das disputas entre EUA e China. Segundo a Céleres, deve haver incremento de 1,1 milhão de hectares na área, para 36,2 milhões de hectares.