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Soja

Bunge amplia monitoramento de soja de fornecedores indiretos


Valor Econômico - 25 mai 2022 - 10:11

A Bunge já monitora quase dois terços da soja que compra indiretamente de produtores do Cerrado brasileiro, um alcance superior à meta para este ano, que era de 50%, segundo relatório que a multinacional americana publicou hoje (24/5). A rastreabilidade total das aquisições do grão no país é um dos elementos centrais da estratégia da companhia de eliminar o desmatamento da sua cadeia de fornecimento de soja até 2025.

A empresa já monitora 100% da oleaginosa que compra diretamente de agricultores do Cerrado e também das propriedades que ficam em áreas do bioma Gran Chaco na Argentina e no Paraguai. Com o avanço da cobertura no Cerrado brasileiro, agora, a empresa consegue rastrear 64% de suas compras de soja na região.

Muitos dos fornecedores indiretos são pequenos produtores, alguns com áreas de cultivo de até 10 hectares. As grandes compradoras de grãos argumentam que essa pulverização acaba sendo um entrave para a identificação da origem exata de toda a produção.

Revendas como aliadas

No ano passado, a Bunge lançou um programa que passou a dar às revendas e parceiros acesso ao sistema de rastreamento da empresa, incluindo imagens feitas por satélite. Batizada de Parceria Sustentável Bunge, a iniciativa foi uma das responsáveis pelo avanço do monitoramento da soja de fornecedores indiretos no país, segundo Rob Coviello, vice-presidente global de Sustentabilidade da companhia.

“Não estamos pegando atalhos nem repassando a outros a responsabilidade [pelo combate ao desmatamento]. Nós estamos no campo, colhendo informações. Os consumidores estão pedindo ainda mais ações nesse sentido, e não menos”, comentou

A oferta de benefícios comerciais é uma das ferramentas da Bunge para aumentar a adesão ao programa. O executivo não deu maiores detalhes sobre essa política, mas reiterou que os esforços de preservação passam, também, pela devida remuneração aos produtores pela mata que eles vão ajudar a preservar. “Nós não podemos desumanizar os fazendeiros. Os benefícios [aos produtores] são necessários”, afirmou ele ao Valor.

O raciocínio não se restringe às compras da própria Bunge. É o esforço de toda a cadeia, avalia Coviello, que impedirá que a produção de soja em áreas de desmatamento acabe sendo absorvida por outros compradores.
Nas compras diretas, a Bunge monitora a produção de 8 mil propriedades no Cerrado, que ocupam área de mais de 11 milhões de hectares. A empresa estima que, no universo de fornecedores indiretos, haja 16 mil fazendas com potencial para integrar o Parceria Sustentável.

A Bunge é uma das principais exportadoras de soja e milho do Brasil e figura também entre as maiores compradoras de trigo. O país é o principal mercado de originação de soja para a companhia.

No primeiro trimestre, a receita líquida da Bunge foi de US$ 15,88 bilhões. As vendas da divisão agro, a maior da empresa, subiram 14,7% em relação ao mesmo período de 2021, para US$ 11,23 bilhões. O lucro líquido do grupo caiu 17,2% em comparação com os três primeiros meses do ano passado, para US$ 688 milhões.

Patrick Cruz – Valor Econômico