Arco Norte deve escoar metade da soja em 2030
Investimentos previstos no Arco Norte, que abraça portos das regiões Norte e Nordeste, devem ampliar a capacidade de embarque desse corredor logístico das atuais 60 milhões de toneladas para 100 milhões de toneladas de grãos nos próximos cinco anos, segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica
Investimentos previstos no Arco Norte, que abraça portos das regiões Norte e Nordeste, devem ampliar a capacidade de embarque desse corredor logístico das atuais 60 milhões de toneladas para 100 milhões de toneladas de grãos nos próximos cinco anos, segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport). “Isso significa que poderemos alcançar 50% de toda exportação nacional de soja e milho até 2030”, informa Flávio Acatauassú, diretor da Amport.
No ano passado, os portos do Arco Norte embarcaram 55,1 milhões de toneladas de soja e milho, o equivalente a 34,6% de toda a carga desses grãos que saiu do país no período, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Acatauassú explica que, em 2008, quando o conceito de Arco Norte foi instituído, os portos desse corretor tinham sido responsáveis por apenas 14% das exportações nacionais desses grãos.
Em 2024, o Arco Norte foi responsável ainda pela movimentação de 31,4% de insumos agrícolas importados pelo país (9 milhões de toneladas). Embora não cite volume de investimentos, nem atuais nem anteriores, já que se tratam de recursos aplicados em várias frentes e por diferentes empresas que operam na região, o diretor diz que o Arco Norte recebeu nos últimos dez anos pelo menos 17 estações de transbordo de cargas e nove terminais portuários, além de centenas de barcaças e empurradores para compor os comboios.
Entre os portos mais importantes do corredor estão Itacoatiara (AM), Santarém (PA), Santana (AP), Barcarena/Vila do Conde (PA), São Luiz (MA), Salvador (BA) e Porto Velho (RO).
Arián Krakow, sócio da Bain & Company e especialista em agronegócios, afirma que esses portos têm se consolidado como uma das rotas de maior crescimento para o escoamento das exportações do agronegócio brasileiro, e que esse avanço é resultado direto da expansão da produção de commodities na região, aliada a investimentos em infraestrutura logística e portuária locais. “Além disso, há uma lógica geográfica e econômica que orienta a escolha dessa rota. Produtores tendem a optar pelo trajeto que ofereça melhor relação custo-benefício, levando em conta a proximidade com rodovias, ferrovias ou hidrovias”, diz.
O Arco Norte não é competitivo para escoar a produção agropecuária dos Estados do Sul e Sudeste em função dos custos logísticos envolvidos. “Já regiões com posição mais centrais, como Mato Grosso, conseguem acessar múltiplas rotas de escoamento”, afirma. Krakow diz ainda que a participação desses portos nas exportações pode crescer. “Conforme novos investimentos incrementem a infraestrutura e ampliem a eficiência logística dos terminais, a região se tornará mais atrativa para o escoamento de cargas como açúcar e grãos”.