Bunge e Repsol farão combustível renovável a partir de camelina e cártamo
A Repsol e a Bunge anunciaram nesta quinta-feira (24/4) a utilização de camelina e cártamo como intermediários para gerar combustíveis renováveis na Europa. As oleaginosas serão processadas em óleos de baixa intensidade de carbono e utilizadas como matéria-prima para a produção de HVO (óleo vegetal hidrotratado) - um substituto do diesel convencional - e SAF (combustível sustentável de aviação).
Conforme divulgação das empresas, a iniciativa oferece alternativa viável ao diesel convencional. Os novos insumos reduzem até 90% das emissões no ciclo de vida.
“A Repsol utilizará tecnologia avançada em seus ativos industriais para converter esses óleos em combustível renovável, abrindo um novo caminho para o desenvolvimento de combustíveis renováveis na Espanha”, diz a nota.
Camelina e cártamo crescem em terras em pousio, sem competir com cultivos alimentares. Agricultores locais obtêm renda adicional sem comprometer a produção de alimentos, garantem as empresas. Ainda segundo o comunicado, os sistemas agrícolas se beneficiam de maior biodiversidade e recuperação do solo.
Aliança estratégica
Julio Garros, co-presidente da divisão de Agronegócios da Bunge, destacou a busca por soluções inovadoras com apoio ao produtor. “Investimos em plantas com maior capacidade de processamento para ampliar a disponibilidade global de insumos sustentáveis”, afirmou.
Juan Abascal, diretor executivo de Transformação Industrial e Economia Circular da Repsol, afirmou que os cultivos intermediários garantem fornecimento contínuo de matéria-prima renovável. Ele apontou a Bunge como aliada estratégica, “líder mundial na produção de óleos vegetais”, na missão de oferecer combustíveis de baixa emissão para transporte e indústria.
A camelina (Camelina sativa) pertence à família das crucíferas. Adapta-se a solos pobres e climas áridos. Apresenta ciclo curto e teor elevado de óleo. Já o cártamo (Carthamus tinctorius), tradicionalmente usado para corantes e óleo comestível, oferece produtividade relevante mesmo em regiões semiáridas. Ambos representam alternativas resilientes diante das mudanças climáticas.
Fernanda Pressinott – Globo Rural