Compartilhar informações é mote no Congresso Brasileiro de Mamona
Proporcionar a interação da experiência dos agricultores, especialmente os familiares, com todo o conhecimento científico para impulsionar as cadeias das culturas oleaginosas. Esse está sendo o mote do VI Congresso Brasileiro de Mamona e do III Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, eventos que foram abertos nesta terça-feira (12) e acontecem até esta sexta-feira (14), em Fortaleza (CE).
“Queremos, com o Congresso, proporcionar um espaço de discussão e interação. E que todos voltem para casa com mais conhecimento”. Com essas palavras, o Chefe de P&D da Embrapa Algodão, Liv Soares Severino, abriu sua fala. Os eventos acontecem na sede da Universidade do Parlamento Cearense-INESP, com palestras, conferências, apresentação de trabalhos, além de demonstração de máquinas, uma das novidades deste ano.
Os representantes do Ceará, tanto o Secretário de Desenvolvimento Agrário, Antônio Rodrigues de Amorim, como o presidente da Ematerce, José Maria Pimenta, enalteceram as invenções. “A maior de todas as invenções foi a domesticação das culturas, quando o homem passou a ser agricultor e pecuarista. Nas últimas décadas, a Embrapa conseguiu dobrar a produtividade das culturas, o que foi fundamental”, destacou Pimenta.
Nessa linha, o presidente dos eventos, Marcos Vinícius Assunção, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (DAS), ressaltou: “O desafio é aumentarmos a produção e a produtividade das oleaginosas e encontrarmos alternativas de exploração que possam ser adotadas tanto no Ceará como em outros estados”. O representante da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral, destacou os avanços das pesquisas. Ele citou como exemplo os trabalhos com destoxificação das tortas de mamona e pinhão-manso a serem apresentados na quinta-feira, que têm como objetivo incrementar as cadeias produtivas dessas culturas. Outra grande conquista foi o estabelecimento o preço mínimo da macaúba, que teve forte empenho do MDA. Fernando José Salles, Diretor de Cana-de-açúcar do Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), salientou também a conquista pela cadeia do biodiesel do aumento da mistura do biocombustível no diesel para 6%, em 01/07, e 7%, em 01/11.
Agricultura Familiar
As instituições realizadoras do evento – a Embrapa e a SDA –, juntamente com os parceiros, reverenciaram a forte participação de pequenos produtores no Congresso, que tem como tema a Agricultura Familiar.
O destaque dos eventos foi a presença de agricultores familiares que já têm a tradição de cultivar mamona. André Grossi, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, salientou esta participação no Ano Internacional da Agricultura Familiar. Pequenos produtores de diversas cidades cearenses, de Irecê da Bahia e da Paraíba, marcam presença.
Este segmento tem um espaço importante no Brasil, onde é responsável por 33% do PIB agropecuário e emprega 74% da mão de obra no campo. No estado-sede dos eventos, representa 12% da economia local. Esses números demonstram o quanto a agricultura familiar é estratégica para o País. As energias renováveis, especialmente os biocombustíveis, podem dar uma importante contribuição para a geração de emprego e renda no campo, destacou Assunção, da SDA.
Na Índia, por exemplo, que tem cerca de 80% do mercado da mamona, a produção é oriunda dos agricultores familiares. Em pouco tempo, eles saíram dos 7%, informou Liv Soares Severino. Ele fez um alerta a todos: “As mudanças são necessárias na agricultura”. Nesta edição dos eventos, os participantes terão a oportunidade de assistirem palestra com uma pesquisadora referência da cultura no país asiático. “Devemos acompanhar e produzir mais tecnologia para o desenvolvimento de nossa agricultura”, reforçou o secretário de Desenvolvimento Agrário. “Temos smartphones, tablets, e muitos agricultores ainda estão usando a enxada”. Mas eventos como este são muito importantes, pois proporcionam a interação entre os que desenvolvem as tecnologias e aqueles que a usam. Colocar em prática essas ações é uma proposta do MAPA, salientou Fernando José Salles.
André Machado reforçou que o novo paradigma é não só transferir tecnologia, mas articular esforços e compartilhar informação, gerando conhecimentos que beneficiem a todos, em especial os agricultores que vêm ao encontro da proposta do Congresso.
Homenagens
Um momento especial da abertura foi a homenagem a Napoleão Esberard de Macedo Beltrão, ex-chefe da Embrapa Algodão, um dos criadores do Congresso de Mamona e grande incentivador da cultura. A SDA lembrou também do cearense Expedito Parente, engenheiro químico importante para a cadeia do biodiesel. José Manuel Cabral destacou ainda as pessoas que se dedicaram à realização do congresso, como o pesquisador da Embrapa Algodão Odilon Reny Silva.
O Congresso e o Simpósio ocorrem na Universidade do Parlamento Cearense/Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Estado do Ceará – INESP e são promovidos pela Embrapa Agroenergia, a Embrapa Algodão e Governo do Estado, com apoio do Instituto Agropolos do Ceará, Ematerce, Assembleia Legislativa local, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Confira a programação no site do evento.