Pesquisadores pretendem lançar nova variedade de pinhão-manso em 2015
Pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) pretendem lançar uma nova variedade de pinhão manso em 2015. A oleaginosa é considerada uma das principais alternativas de matéria-prima para a produção de biodiesel. Entretanto, ainda representa um desafio, segundo os cientistas, que trabalham para torná-la mais produtiva e resistente. O pesquisador do IAC Walter Siqueira explica.
– Alguém pode perguntar: mas, puxa vida, o pinhão manso já não tem essa rusticidade? Pensava-se assim. É uma planta não domesticada, não trabalhada ainda. E, quando foi feito plantio intenso dela, começaram a se propagar pragas e doenças que não se imaginava que tivesse – diz.
A altura da planta é de aproximadamente cinco metros. Os pesquisadores pretendem diminuir o porte para até um metro e meio, o que viabilizaria a colheita mecanizada. Outra característica desejada é que os frutos fiquem maduros ao mesmo tempo. Além disso, buscam aumentar o teor de óleo e a resistência às pragas.
Para que o subproduto seja utilizado na alimentação animal, os profissionais pretendem eliminar uma substância tóxica presente na planta. O IAC utiliza para isso a técnica de clonagem de exemplares e o cruzamento com espécies da mesma família que apresentam algumas destas características.
– A pesquisa desenvolvida no IAC tem duas vertentes. Uma é trabalhar dentro da própria espécie comercial, que é o pinhão manso. Usar essa variabilidade. A outra linha, que é mais promissora e inédita no Brasil, é usar espécies selvagens de pinhão que têm resistência a pragas, a stress, frio, falta d’água e outras características – aponta Siqueira.
A olaginosa é uma das campeãs em produtividade, não compete com alimentos e é fonte de um combustível de alta qualidade, conforme a pesquisadora do IAC Daniela Marques.
– O que tem de promissor é a quantidade de óleo e um rendimento bastante alto. Fora isso, a qualidade do produto é muito boa, porque ele tem uma composição de ácidos graxos, relação ácido oléico e inoléico boa em termos de estabilidade oxidativa. Ou seja, vai dar um produto de maior qualidade – afirma.
Os pesquisadores esperam chegar a uma planta com as características desejadas, em 2015. Segundo eles, o novo pinhão manso se adaptaria a uma vasta área do território brasileiro.
– Conforme essas características forem sendo melhoradas, a produção pode ser feita tanto por pequenos, médios, como por grandes produtores, já que tem que ser uma coisa em escala para atender à demanda das usinas – diz Daniela.
Annamaria Bonanomi