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Canola

O ouro do campo no cultivo de inverno


Diário da Manhã - 30 ago 2013 - 16:55 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Com uma produtividade média que chega a 1.600 kg por hectare, a canola ganha cada vez mais espaço no Estado e complementa a renda dos agricultores durante o período de inverno. Atualmente a cultura encontra-se majoritariamente na fase de floração, conforme boletim a Emater/RS e as primeiras lavouras semeadas no Estado já começam a atingir a fase de enchimento de grãos. As lavouras formadas no final de maio e que se encontram na fase de floração plena estão sadias e com bom potencial produtivo até o momento, já as primeiras lavouras implantadas foram prejudicadas pelas geadas ocorridas nos últimos dias, devendo baixar o seu potencial produtivo.

Com o plantio da canola, o agricultor praticamente dobra o ganho, conforme o pesquisador da Embrapa Trigo e especialista em canola, Gilberto Omar Tonn, as expectativas são boas, tendo em vista a liquidez e o preço que é o mesmo pago pela soja. O atual valor de referência para comercialização da canola é de R$ 62,00 a saca e o Rio Grande do Sul é o maior produtor do Brasil, com 28.685 hectares dos 48.704 hectares cultivados no país.

Diversificação
Tonn orienta que o produtor deve diversificar as culturas no inverno, uma vez que a canola tem a época de semeadura a partir de 11 de abril e a do trigo ocorre em torno de 45 dias mais tarde. A variação no plantio pode gerar maior rentabilidade. “É importante que o agricultor cultive trigo, cevada e canola para que não fique tão dependente do clima”, avalia.

Para ele, o trigo e a canola são culturas que apesar de serem plantadas no inverno, não competem entre si. “Temos mais de 5 milhões de hectares onde se planta soja e a área de trigo não chega a 1 milhão. Essa sobra pode ser utilizada para outras culturas, como a canola. As duas são complementares para empregar melhor o investimento em máquinas e também o valor das terras, que é elevado, por isso, é importante quer estejam em produção”, frisa.

Ganhos
Conforme Tonn, ao produzir canola o agricultor não corre risco de perda. Ele explica que se houver algum fenômeno que ocasione a baixa produtividade, mesmo assim os fertilizantes colocados no solo vão beneficiar a cultura de verão e, ainda, a cultura do trigo no próximo inverno tende a ter menos problemas de doenças.

Outro aspecto importante para o pesquisador é a segurança que existe na canola, isso quando o produtor segue o que se recomentada, de fazer a planta com financiamentos e com seguro agrícola. “O agricultor tem o custo para cobrir o solo com aveia e com isso, gasta em média R$ 240 por hectare. Ao plantar canola, mesmo que ocorra intempérie e perca a lavoura, ainda fica com todo o fertilizante aplicado no solo e é aproveitado pela cultura de verão”, considera.

O pesquisador comenta que se emprega em média R$ 500 em fertilizantes por hectare. No entanto o investimento compensa a necessidade de fertilizar o solo para o plantio de soja e milho, diminuindo o custo da lavora de verão. “Essa é uma das vantagens. A outra é que com o aperfeiçoamento da tecnologia, muitos produtores estão colhendo 2.500 kg por hectare no inverno, quando a lavoura estaria com cobertura.

Cuidados
De acordo com o pesquisador, agora durante o período de floração, é importante que o agricultor confira semanalmente se não estão ocorrendo insetos e pragas. Na fase final do ciclo com o enchimento de grão, a atenção se volta para a presença de percevejos, que sugam os grãos. A próxima preocupação é o ponto certo da colheita. “No Estado, a colheita ocorre em setembro e outubro, dependendo da época que foi semeado e o ciclo dos híbridos”, aponta. 

No plantio, a orientação é escalonar, pois desta forma previne a perda da cultura com geadas. “Plantadas em períodos diferentes, a geada não vai pegar todas as plantas”, explica, ressaltando que na colheita é importante a identificação do momento correto. “A colheita é determinada pela cor dos grãos. A planta continua verde, mas os grãos passam de verde para a cor marrom e preta. Assim se define o momento de colher, pela cor do grão”, diz ele.

Tonn esclarece que se o clima for favorável, a colheita se dá com uma máquina igual a da soja, apenas com regulagem especial. No entanto, quando ocorrem intempéries e a planta fica desuniforme é preciso fazer o corte-enleiramento, com uma plataforma especial que empilha as plantas, formando uma leira.

Pesquisa e experimentos
A cultura que melhor se adapta a região. Esse é o objetivo de uma pesquisa que vem sendo realizada por Tonn nos campos experimentais da Embrapa Trigo, com 37 híbridos diferentes de canola. Desenvolvimento, floração, enchimentos de grãos e produtividades são avaliados pelos pesquisadores na busca pela matéria de maior potencial. “Vemos a questão que a cultura tem que se encaixar no nosso sistema de produção. Se é semeada cedo, em julho, o risco de morrer por geada é grande. Se semear mais tarde, a semeadura da soja é tardia e o potencial de produção diminui”, pontua.

Outro aspecto em observação na pesquisa é questão de doenças. “Tinha a doença chamada de canela preta que estava dizimando as lavouras. O controle da doença é químico e procuramos evitar. Conseguimos identificar materiais com resistência genética para não ter que aplicar defensivo”, comenta. Além disso, a pesquisa avalia o potencial produtivo, o rendimento de grãos. “Em breve vamos avaliar o teor de óleo dos grãos. O que queremos é produzir a maior quantidade de óleo por hectare”, ressalta.

Tonn avalia que a maior parte da produção é para uso comestível, mas a intenção é que haja crescimento da área de produção e a indústria possa utilizar para produção de biodiesel. “Existe um programa de biodiesel que visa fomentar e expandir a produção de oleaginosas. A produção de biodiesel é baseada principalmente na matéria prima e óleo de soja, mas é importante não depender de uma matéria prima apenas”, destaca, comentando que existe um esforço grande através do Programa Nacional de Produção de Biodiesel para a diversificação de culturas.

Produção de óleo
Na região, segundo Tonn, a canola é a espécie que tem maior potencial durante o inverno. “É uma cultura de inverno e temos resultados de experimentos colhendo até 3.500 kg de canola por hectare, com 40% de óleo. A soja, para ter produção de óleo comparável com o que a canola consegue produzir com essa boa tecnologia, teria que colher mais de 9 mil kg por hectare, que é o dobro do que as melhores lavouras produzem, então, isso demostra que estamos no caminho certo. A cultura tem esse potencial e precisamos empregar tecnologia e aproveitar que o mercado é quase que ilimitado”, considera.

A expansão da área de produção da cultura inclui o esforço de um grupo de pesquisadores de mais de 20 universidades que aguardam um recurso na ordem de quase R$ 9 milhões para pesquisa na área. “Se o governo liberar, temos condições de alavancar com mais tecnologia e mais qualificação para explorar esse potencial”, conclui.

Abertura da safra 
A Abertura Nacional da Safra de Canola e o Vº Dia de Campo da Cultura de Canola, que acontecem pelo quinto ano consecutivo, serão realizados em 18 de setembro de 2013. Nesta edição o evento traz novidades, ele será realizado em Passo Fundo (RS), com atividades em dois locais. Pela manhã haverá apresentação da parte técnica no campo e em seguida acontecerá o ato de abertura da safra, almoço e apresentação do cantor Luiz Carlos Borges, no Centro de Eventos, da Universidade de Passo Fundo.

A atividade tem por objetivo divulgar e difundir as novas tecnologias a respeito do cultivo da Canola. Através de estações, será feita uma abordagem tecnológica da cultura, tratando desde semeadura, adubação, manejos, novas tecnologias de colheita, gestão da propriedade e comercialização, bem como características de fisiologia, desenvolvimento e assistência técnica. Também haverá dinâmica de corte, enleiramento e de recolhimento. A atividade de campo acontece às margens da RST 135, Km 14, saída para Erechim.

De acordo com o gerente de Tecnologia Agrícola da BSBIOS e vice-presidente administrativo da Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola), engenheiro agrônomo Fábio Júnior Benin a cultura está consolidada na região sul do país. "A canola é uma importante cultura de inverno, que permite ao produtor diversificar as opções de cultivo em sua propriedade e ter uma rentabilidade garantida, visto a liquidez que a cultura apresenta," salientou Benin. As inscrições para as atividades podem ser efetuadas no local.