Biodiesel de esgoto pode viabilizar saneamento na África Subsaariana
Uma instalação experimental para transformar lodo de esgoto em biodiesel entrou em funcionamento na última semana, em Gana. Na cidade de Kumasi, pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de Columbia, em conjunto com a empresa Waste Enterprises, a Universidade de Ciência e Tecnologia de Kwame Nkrumah (KNUST) e a Assembleia Metropolitana de Kumasi estão trabalhando para colocar conhecimentos desenvolvidos nos laboratórios a serviço da comunidade. Se o conceito der certo, o grupo pode estar a beira de consolidar um novo – e imprescindível – modelo de saneamento básico em países da África Subsaariana.
"O projeto de produção de biodiesel a partir de esgoto aborda a questão do saneamento sustentável e pode introduzir uma nova dimensão no setor não só em Kumasi, mas globalmente", disse Anthony Mensah, diretor de Gestão de Resíduos da cidade africana. Segundo ele, o novo modelo que integra saneamento básico com produção de energia permitiria “acertar dos pássaros com uma só pedra”.
Entrando em seu segundo ano, o projeto é liderado por Kartik Chandran, professor e engenheiro ambiental da Universidade de Columbia, e Ashley Murray, fundador e diretor executivo da Waste Enterprises, empresa que está trabalhando para reinventar o modelo dos serviços de saneamento nos países em desenvolvimento.
Como parte deste projeto, Chandran está desenvolvendo uma tecnologia para transformar dejetos humanos em biodiesel e trabalhando na conversão de uma instalação de tratamento de resíduos numa biorrefinaria. Para isso, no ano passado a iniciativa foi selecionada pela Fundação Bill & Melinda Gates para receber US$ 1,5 milhão.
"Este é um projeto muito importante para nós", disse Chandran. "Temos o objetivo de criar a próxima geração de instalações de saneamento urbano que vai estabelecer novos padrões e servir de modelo ao redor do mundo. Com capacidade para receber e tratar 10 mil litros de dejetos humanos por dia, esta instalação pode ser muito mais eficiente que as estações de tratamento comum", afirma.
Na fase experimental, que deve durar quase um ano, os pesquisadores vão testar a tecnologia de bioprocessos para a conversão dos compostos orgânicos presentes na escuma de esgoto em biodiesel e metano, duas potentes fontes de energia renovável. Além disso, estão explorando a viabilidade comercial do novo modelo de saneamento voltado para a produção do combustível."Nosso objetivo é desenvolver algo como uma receita de transformação de esgoto em biodiesel, facilidade que pode transformar o saneamento de um trabalho caro para um empreendimento rentável", disse Murray.
A equipe espera que seu modelo possa ser replicado e adaptado em todo o mundo.
Outras iniciativas
A conversão de esgoto em biodiesel também tem sido objeto de atenção em outros países. Aqui no Brasil, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) começaram a aperfeiçoar, em abril passado, um projeto piloto para transformação de lodo de esgoto em biodiesel dentro de uma planta de tratamento carioca.
Já em setembro, uma equipe do o Instituto de Pesquisas de Ciência e Tecnologia Industrial da Coreia do Sul publicou um estudo que mostra um processo termoquímico capaz de converter lipídeos presentes no lodo de esgoto em biodiesel.
Joanna Schroeder - Domesticfuel.com
Tradução e adaptação BiodieselBR.com