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Conferência BiodieselBR 2015

[Conferência] O mercado do diesel marítimo e sua mistura com biodiesel


BiodieselBR.com - 02 out 2015 - 09:24 - Última atualização em: 13 out 2015 - 11:02

Era para todo o óleo diesel consumido no país levar biodiesel. Mas, no fim da história, ficamos no quase. Isso porque, ainda em 2010, a ANP decidiu abrir uma exceção para o diesel marítimo que persiste até hoje. As dificuldades envolvidas nessa mistura será o tema da palestra que o técnico Superintendência de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da agência, Alexandre Caldeira, apresentará na Conferência BiodieselBR 2015.

“Esse é um tema complexo que envolve não apenas da superintendência onde trabalho, mas também várias outras como a de Comercialização”, diz.

Segundo Caldeira, um dos maiores nós a respeito dos combustíveis navais está no fato de se tratar de um daqueles assuntos onde as soberanias nacionais já não são tão absolutas quanto de costuma supor. Navios e outras embarcações de longo curso, afinal, vêm e vão de um país para o outro o que dificulta com os países determinem o tipo de combustível que eles podem usar. “A lei brasileira é muito taxativa, tem que usar [biodiesel]. Essa foi uma das dificuldades que impediu de colocar biodiesel no combustível marítimo”, explica.

Além disso, em embarcações que cruzam oceanos é mais responsável evitar riscos porque qualquer problema pode colocar vidas em risco. “Assim como um avião, um navio não pode correr ter problemas com o combustível, porque ele vai ficar à deriva no meio do oceano”, aponta.

De qualquer forma, nesse front têm havido sinais de que o biodiesel poderá ser passar a ser aceito. A Organização Internacional para Padronização (ISO) vem debatendo ativamente mudanças nas especificações internacionais para os combustíveis navais o que deve abrir espaço para o início de misturas de biodiesel no curto para o médio prazos.

Pequenos e médios

De qualquer forma, o uso de biodiesel nesse tipo de embarcação é relativamente limitado. A não ser em regiões costeiras onde os níveis de emissões sejam controlados, os navios maiores usam óleo combustível e não diesel que é mais caro. “O nicho do diesel marítimo seria em embarcações médias e pequenas que circulam em águas nacionais”, comenta.

Em muitos casos, essas embarcações apresentam um complicador extra que é a intermitência em seu uso – caso principalmente dos barcos usados exclusivamente com finalidades recreativas. Trata-se de um ambiente particularmente desafiador para o biodiesel por dois motivos: o combustível absorve umidade do ar o que o torna particularmente vulnerável em ambientes beira mar e, também, é particularmente propenso à oxidação se deixado parado por longos períodos.

Mesmo assim, têm surgido fatos novos que colocam o biodiesel sob uma luz mais favorável com testes em embarcações pesqueiras aqui no Brasil e experiências internacionais que indicam não haver tanto motivo para preocupação. “Esses fatos dão a impressão de que não tem tanto problema, mas o mercado ainda se mostra muito receoso”, prossegue Caldeira acrescentando que há a possibilidade de que seja montado um Grupo de Trabalho para debater a questão.

1%

Sobre o tamanho do mercado de diesel náutico, o técnico informa que ainda está contabilizando os dados mais recentes, mas que historicamente ele fica em cerca de 1% do mercado total de diesel.

Há, no entanto, um grande player que voa abaixo do radar: a Petrobras. A petroleira usa muito combustível nos barcos que servem suas plataformas de petróleo em alto mar. Por não haver comercialização – a Petrobras é tanto a produtora quanto a consumidora –, esse volume não passa pelas estatísticas oficiais da ANP, mas ele pode até dobrar a quantidade de diesel que, hoje, está isenta da mistura.

Discussão

O painel com o diesel marítimo acontecerá no segundo dia da Conferência, que ocorre nos dias 26 e 27 de outubro. Este ano o evento será realizado no hotel Tivoli Mofarrej, ao lado da Avenida Paulista, no centro de São Paulo (SP).

Para saber mais sobre o que será falado na palestra sobre o diesel marítimo e conhecer os demais assuntos e palestrantes acesse aqui o site especial da Conferência BiodieselBR 2015.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com