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Energia

Antecipar o Futuro


AutoMotor.xl.pt - 10 mar 2006 - 12:44 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Com o aumento do preço do petróleo, e com as normas ambientais cada vez mais rígidas, a actual forma de alimentação dos motores de combustão parece ter os seus dias contados. Dióxido de carbono (CO2), óxido de azoto (NOx), hidrocarbonetos não queimados (HC) e partículas (estas no caso dos Diesel) são as emissões que poluem a atmosfera. Não sendo possível eliminá-las totalmente, pelo menos há que reduzi-las. A Mercedes tem feito um grande esforço nesse sentido.

Numa altura em que o cumprimento das normas Euro IV relativas às emissões poluentes passou a ser obrigatório desde o passado dia 1 de Janeiro (nos pesados sê-lo-á somente a partir de Outubro próximo), as atenções viram-se, agora, para as normas Euro V, que deverão entrar em vigor em 2008 (LEV II, nos EUA). Quanto às normas Euro VI, as previsões apontam para 2012/2013.

Apesar de terem, ainda, margem de progressão, os motores de combustão terão de sofrer diversas alterações par a se tornarem cada vez mais limpos (uma das soluções poderia passar, por exemplo, pela adopção de válvulas el éctricas, o que permitiria reduzir o atrito). Mas não só. Também a alimentação deverá sofrer modificações.

A gasolina e o gasóleo, tal como os conhecemos, não terão, a priori, futuro muito risonho se não estiverem receptivos a novas soluções ambientais. Num seminário técnico que promoveu na gélida atmosfera de Estugarda, a marca alemã decidiu antecipar o futuro, ao dar a conhecer as suas mais recentes criações: CLK ISG; SunDiesel; E 200 NGT; E 320 BLUETEC; F 600 HYgenius; bionic car. Passemos, então, à descrição de cada uma.

CLK ISG
Equipado com motor 5.5 V8 de 388 cv, associado a caixa automática 7G- Tronic de sete velocidades, o CLK ISG é um concept que se destaca pelo

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De todas as novas propostas ambientais da Mercedes, uma das mais interessantes
é, sem dúvida, o bionic car
Integrated Starter/Generator (ISG).

Trata-se de uma solução que permite reduzir os consumos e baixar as emissões poluentes. Montado na cambota, o sistema ISG não se encontra directamente acoplado ao motor de combustão.

A grande vantagem reside no facto de permitir desligar o motor sempre que o veículo pára mais de três segundos, ligando-se assim que é libertado o pedal do travão, quer a alavanca da caixa esteja na posição "D" ou "N". Concebida para o pára-arranca do trânsito citadino, esta solução demonstra como é possível ter um motor de altas performances com consumos e emissões não muito elevados.

SunDiesel
Produzido a partir de biomassa e não de petróleo, o SunDiesel que alimenta o E 320 CDI (3.0 V6 de 224 cv) permite reduzir até 50% as emissões de partículas e diminui em cerca de 20% as emissões de CO2 no tráfego urbano na Europa. Sem implicar qualquer modificação técnica nos actuais motores a gasóleo, o SunDiesel assegura o mesmo rendimento do que o convencional Diesel, mas com emissões muito inferiores.

Por outro lado, é mais eficiente do que o Biodiesel, uma vez que são aproveitados mais resíduos provenientes da agricultura e da floresta e não apenas o óleo que é extraído das sementes das plantas. Desenvolvido pela Choren, em colaboração com a DaimlerChrysler e com a VW, o SunDiesel é o gasóleo menos poluente que existe, estando livre de sulfatos e aromatizantes. O seu processo de produção inicia-se com a transformação de biomassa em estado sólido para gás sintético puro. Mais tarde, este gás é liquefeito, dando origem ao SunDiesel.

E 200 NGT
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O E 200 NGT dispõe de um bocal
adicional e quatro reservatórios de gás

O E 200 NGT (Natural Gas Technology), equipado com o motor Kompressor de 1,8 litros com 163 cv, com caixa automática de cinco velocidades, está apto a funcionar com gasolina sem chumbo ou com gás natural comprimido.

Através do computador de bordo, o condutor pode escolher, mesmo em andamento, o tipo de alimentação que pretende para o motor.

Dotado de quatro reservatórios de gás instalados na mala (transportam, no total, 18 kg de gás comprimido a 200 bar), esta solução distingue--se pelo bocal adicional destinado ao abastecimento de gás, pelos injectores específicos localizados em baixo do colector de admissão, pela válvula reguladora de pressão e pela nova gestão electrónica do motor. As performances são iguais, quer o motor utilize gasolina ou gás.

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Já as emissões poluentes diferem: até menos 20% de CO2 quando alimentado com gás. O E 200 NGT tem uma autonomia anunciada de mil quilómetros: 700 km são assegurados pelos 65 litros de gasolina (9 l/100 km); 300 km são garantidos pelos 18 kg de gás (consumo de 6,1 l/100 km).

E 320 BLUETEC
Inovador é, também, o E 320 BLUETEC. Equipado com o motor CDI (3.0 V6 de 224 cv) utilizado na variante SunDiesel, esta solução permite reduzir substancialmente as emissões de óxido de azoto (NOx), graças à utilização de um líquido de cor azul, concebido à base de amónia (o AdBlue, que, na prática, não é mais do que ureia), que se mistura com o gasóleo. Dotado de um reservatório adicional de 22 litros, o E 320 BLUETEC inclui a mesma solução que a Mercedes utiliza há já algum tempo nos veículos pesados.
Carro novo


Por cada mil quilómetros percorridos é injectado um litro do referido líquido, pelo que aos 22 000 km torna-se necessário visitar uma oficina da marca alemã para o reabastecer. A redução de CO é da responsabilidade do catalisador de oxidação (que o transforma em CO2) e a eliminação das partículas é feita através do filtro de partículas Diesel. A solução BLUETEC tem, no motor Diesel, a mesma função que o catalisador de três vias tem no motor a gasolina. Para além disso, permite cumprir já as normas Euro V relativas às emissões poluentes.

F 600 HYgenius
Biomassa biodiesel

É o desenvolvimento mais avançado da Mercedes no que aos veículos Fuel Cell diz respeito. Equipado com um motor alimentado por hidrogénio, com 115 cv e 350 Nm, as células de combustível recorrem à reacção química entre o hidrogénio e o oxigénio para gerar energia eléctrica no concept HYgenius, beneficiando, ainda, de uma alimentação adicional da energia armazenada numa bateria de iões de lítio (Li-ion). Nas manobras de estacionamento, o motor eléctrico é alimentado apenas pela bateria. Em aceleração, é alimentado pela célula de combustível e pela bateria. Em travagem, actua como gerador, transformando a energia cinética das rodas em energia eléctrica, que é armazenada na bateria.

Emissões poluentes, simplesmente, não existem. O consumo é de apenas 2,9 l/100 km. A autonomia é de 400 km. Para além do design arrojado, o HYgenius inclui um curioso conceito de versatilidade, câmaras de vídeo e um inovador mecanismo de abertura das portas.

bionic car
Com uma estrutura leve em aço, inspirada no esqueleto de um colorido peixe que habita nos corais dos mares tropicais (cujo nome da espécie é, em latim, Ostracion Meleagris), o bionic car é um arrojado protótipo equipado com um motor a gasóleo CDI de 2,0 litros com 140 cv de potência, acoplado a caixa automática de variação contínua. O coeficiente de penetração aerodinâmica de apenas 0,19 foi conseguido à custa da elaboração da carroçaria: rodas cobertas; ausência de retrovisores; traseira em forma de gota de água; perfil fluido.

O consumo de combustível é 20% inferior e as emissões de Azoto são até 80% mais baixas face a um modelo convencional. Equipado com um reservatório adicional alojado na mala, projectado para 15 000 km, o bionic car, exemplo perfeito de como tecnologia e biologia podem andar de mãos dadas, utiliza, também, o líquido AdBlue, que é pulverizado para dentro do sistema de escape. A tecnologia LED, as câmaras de vídeo, os puxadores das portas eléctricos e as luzes em posição elevada são alguns dos seus atributos.

Por Bruno Castanheira Fotos Mercedes-Benz