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Energia

Efeito China traz fundos de volta ao mercado e soja sobe


DCI - Diário Comércio e Indústria - 14 abr 2009 - 06:12 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08

Quebra de safra e apetite chinês estão trazendo os fundos especulativos de volta ao mercado de commodities agrícolas. A porta de entrada está sendo a soja em razão do aumento da demanda pelos asiáticos. O Brasil tem sido um dos maiores beneficiados por esse crescimento. Até março, a China mais que dobrou as importações de soja em grão do País, para 1,48 milhão de toneladas ante 675 mil toneladas no primeiro trimestre do ano passado.

Na última semana, quando os chineses compraram 110 mil toneladas da oleaginosa de origem norte-americana, em um único dia os fundos compraram cerca de 4 mil lotes futuros, o que equivale a 544 mil toneladas de soja. Durante o mês de março, o interesse desses grupos de investimentos voltou a se direcionar para o mercado de soja. Eles ampliaram suas posições compradas do equivalente a 12 milhões de toneladas para 18 milhões. O mês de abril começou apresentando um ritmo de expansão ainda mais forte. Só na primeira semana, essas posições se elevaram para 21,6 milhões de toneladas, número divulgado ontem, referente ao último dia 7. Esse é o melhor nível do ano até o momento.

Segundo Daniele Siqueira, analista da Agência Rural, as commodities, de modo geral, continuam atrativas mesmo em um cenário de crise. A diferença é que agora os fundos compram e realizam os lucros logo em seguida. "No caso da soja as compras da China continuam ajudando o mercado dando, principalmente, suporte aos contratos com menor prazo de vencimento, responsáveis por romper para cima o nível de resistência assinalado a US$ 10 por bushel ", avalia.

A oferta da oleaginosa nos principais concorrentes do Brasil no mercado internacional irá reduzir. O último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) reduz em quase 5 milhões de toneladas a oferta de Argentina e EUA em relação à sua própria previsão no mês anterior. O USDA cortou de 43 milhões para 39 milhões de toneladas a estimativa para a safra de soja argentina e previu estoque final de apenas 4,5 milhões de toneladas, inferior em 544.311 toneladas à projeção contida no relatório de março passado.

Na China, apesar do Centro Nacional de Informação de Grãos e Oleaginosas da China ter mantido a previsão para a produção de soja da safra 2008/2009 em 15 milhões de toneladas, há perigo de estiagem nas lavouras do país, o que tem contribuído para a cotação do grão se aproximar cada vez mais do importante nível de resistência a US$ 10,23.

"Os fundos estão cautelosos, mas não deixaram de atuar. Após a divulgação dos relatórios eles continuam comprando. O mercado tem uma barreira gráfica de 1.023 pontos, se passá-la eles vão mostrar um interesse ainda maior", diz Sandro Pereira, da Dinâmica Corretora de Cereais.

Mercado interno
Os preços no mercado doméstico seguem em alta mesmo com a entrada da safra. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o volume comercializado apresentou significativo aumento na semana passada. "O avanço da colheita fez com que vendedores optassem pela negociação, visando diminuir os estoques para armazenar o restante do produto a ser colhido. Muitos agricultores também tiveram necessidade de fazer caixa", avalia o Cepea. Em abril, a variação mensal é de 2,7% em reais (no Paraná), cotada a R$ 47,19 a saca. Em dólar, a variação positiva já é de quase 10%, cotada a US$ 21,75.

No Mato Grosso, região onde a dívida dos sojicultores é a maior do País, produtores passam a ser credores também. Hoje, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e o Sindicato Rural do município de Primavera do Leste realizam reunião para avaliar o processo de recuperação judicial da Viana Trading. A empresa tem um passivo junto a bancos, produtores e multinacionais da ordem de R$ 150 milhões. "Vamos avaliar se o plano de recuperação apresentado pela empresa é viável ou se existe a possibilidade de termos um plano alternativo. Estamos bastante preocupados, pois uma das propostas da Viana é pagar alguns produtores em até dez anos, com um ano de carência", afirma Milton Rossetto, presidente do Sindicato.