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Vanguarda espera ganhar mais com biodiesel


Valor Econômico - 14 out 2011 - 06:08 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:18

O negócio de biodiesel, que deu origem ao grupo Vanguarda Agro - nova denominação da Brasil Ecodiesel depois da incorporação da produtora de soja Vanguarda -, deve melhorar sua contribuição nos resultados da companhia a partir do quarto trimestre, segundo o novo diretor-presidente, Bento Amaral Peixoto Moreira Franco.

O biodiesel foi o principal responsável pela redução de 62% no lucro líquido (de R$ 2,8 milhões) da empresa no segundo trimestre na comparação com igual período de 2010.

A expectativa de melhora prevista pelo executivo está baseada nas mudanças regulatórias que ocorreram nos processos de leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP), há cerca de dois meses, para o abastecimento de biodiesel das refinarias da Petrobras, a única compradora do insumo no país.

Pelas novas regras, o custo logístico para o transporte do biodiesel passa a integrar o preço de venda nos leilões. Antes, o preço do insumo era definido independentemente da distância entre os produtores e as refinarias, o que aumentava o tamanho dos descontos concedidos pelas empresas do setor.

O novo contexto deverá beneficiar a Vanguarda Agro à medida que os produtores poderão passar a competir de acordo com a localização de suas usinas. "Como a Vanguarda concentra três de suas quatro usinas de biodiesel no Norte e Nordeste do país, onde a concorrência é menor em relação à disputa estabelecida no Sul e Centro-Oeste do Brasil, as margens de rentabilidade tendem a melhorar", afirma Franco.

No leilão mais recente, realizado em agosto, por exemplo, a Vanguarda Agro obteve o preço mais alto do mercado, de R$ 2,6024 por litro - uma vantagem de quase 8,5% sobre o preço médio nacional, que atingiu R$ 2,3988. "O negócio de biodiesel pode não ser necessariamente maior na receita, mas com certeza será mais rentável do que é atualmente", afirma o executivo.

Com a incorporação da Vanguarda - aprovada em assembleia de acionistas realizada em setembro - a área agrícola (com a produção de soja, milho e algodão) aumentou significativamente sua importância no grupo. A empresa também é dona da Maeda, incorporada em dezembro de 2010.

Segundo Franco, o agronegócio é responsável por 65% da receita total, enquanto 35% são vendas de biodiesel. No segundo trimestre, as participações eram inversas: o biodiesel respondeu por 65% da receita de R$ 199,7 milhões, enquanto a área agrícola representou 35%. "Com a Vanguarda, ganhamos mais escala e conseguimos otimizar os equipamentos nas terras", diz ele. "Na combinação do negócio agrícola e o biodiesel temos uma proteção natural para suportar a volatilidade dos preços das commodities."

O executivo não informa o faturamento do grupo após a incorporação. A antiga administração estimava que a receita combinada era de R$ 1,5 bilhão. Ontem, os papéis da empresa passaram a ser negociados na bolsa com o código VAGR3. De certa forma, a mudança na denominação também simboliza o início de uma nova fase da empresa no que se refere à composição acionária.

Os mais antigos e maiores investidores do grupo - o espanhol Enrique Bañuelos e o brasileiro Silvio Tini, que chegaram a abrir uma disputa por causa da incorporação da Vanguarda - abriram espaço para a entrada de novos sócios: o fundador da Vanguarda Otaviano Pivetta (27%) e Hélio Seibel (8%), dono da Leo Madeiras, sócio da Leroy Merlin e um dos maiores acionistas da Duratex.

Bañuelos detém 22%, por meio dos fundos de Vila Rica e Tiradentes, veículos de investimento de da sua empresa Veremont. Tini tem fatia total de 7%. Outros 36% estão em circulação no mercado, nas mãos de 25.000 acionistas. A Vanguarda Agro só tem ações ordinárias (que dão a voto) na bolsa.

Denise Carvalho