Seixas Corrêa: "Dilema entre biocombustíveis e alimentos não existe no Brasil"
A DW-WORLD entrevistou o embaixador brasileiro em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, sobre diferentes temas atuais, entre eles a visita da chanceler federal Angela Merkel à América Latina, a reforma do Conselho de Segurança da ONU, críticas européias ao programa de biocombustíveis, problemas com vistos de estudantes brasileiros na Alemanha, o acordo econômico UE-Mercosul e o embargo contra a carne brasileira.
DW-WORLD Autoridades européias, como o presidente alemão Horst Köhler, criticam a propagação da monocultura para biocombustíveis em países em desenvolvimento. Como o senhor observa críticas européias a um dos carros-chefe da política de relações exteriores do governo do presidente Lula?
Luiz Felipe de Seixas Corrêa Acho que não há uma crítica, propriamente, ao Brasil. Pelo menos eu prefiro ver assim. Quando se critica os biocombustíveis, aqui na Europa, o tema é colocado sob a perspectiva de um dilema entre biocombustíveis e alimentos, entre biocombustíveis e preservação de florestas tropicais.
Nenhum desses dois problemas ocorre no Brasil. O Brasil tem uma quantidade imensa de terras agricultáveis que não estão em uso e que podem ser usadas para a cultura da cana-de-açúcar, justamente a base do etanol produzido no Brasil. Não faltará nunca terra para a produção de alimentos. A cana-de-açúcar, por sua vez, não pode ser produzida em larga escala na Floresta Amazônica. Não afeta portanto o equilíbrio ambiental.
A Alemanha e o Brasil têm, de resto, percepções semelhantes em matéria ambiental. A Alemanha é, entre os países europeus, o que tem mais cooperado com o Brasil nos programas de preservação da Floresta Amazônica. Eu mesmo acompanhei a visita do presidente alemão, Horst Köhler, no ano passado, ao Brasil. Estivemos pela Amazônia, inclusive num passeio de barco pelo rio, durante o qual se fez um seminário sobre os temas de preservação da Amazônia, sobre os projetos em curso, que foi muito produtivo.
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