Reestruturação garante lucro da Brasil Ecodiesel no 2º trimestre
A Brasil Ecodiesel, que hoje realiza teleconferência para apresentação de seus resultados no segundo trimestre, já dá como concluído seu processo de reestruturação, iniciado em meados de 2008 - ou, ao menos, a parte mais delicada dele. Agora, espera o término dos trâmites do último aumento de capital que faz parte do processo para saber como ficará exatamente a nova composição do controle da empresa.
"Saímos de uma fase muito difícil para outra, um pouco mais promissora", disse Eduardo de Come, diretor financeiro e de relações com investidores da Brasil Ecodiesel." Depois de um ano e meio, conseguimos recompor o capital de giro, que era um dos nossos principais problemas. Estávamos em um ciclo vicioso, com a imagem desgastada no mercado. Agora, uma etapa [da reestruturação] foi concluída" .
A companhia encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 21,7 milhões, um contraste com a perda de R$ 83,9 milhões do mesmo período de 2008 e de R$ 27,4 milhões dos primeiros três meses deste ano. O diretor reitera que, embora seja um número a ser celebrado, o ganho foi mais "contábil" . Apenas a extinção de um contrato com a geradora de energia Enguia Gen, que mantinha uma parte da capacidade de produção à disposição da empresa, caso houvesse demanda, eliminou um passivo de R$ 36 milhões. Houve, assim, contribuição de fatores extraordinários para o lucro registrado no trimestre.
Ainda que reconheça que há chão a ser percorrido para retomar o espaço perdido, a empresa já considera o desempenho do mês de junho como referência para seus próximos passos. "Foi nosso melhor mês nos últimos dois anos. Foi quando conseguimos os recursos para recompor o capital de giro" , diz Come.
A receita líquida da Brasil Ecodiesel no trimestre foi de R$ 52,1 milhões - apenas em junho, somou R$ 38,3 milhões. No segundo trimestre do ano passado, a receita líquida da companhia havia sido de R$ 44,9 milhões - em junho, de R$ 11,5 milhões.
Entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano, o endividamento total da empresa, após aumento de capital que incluiu conversão de dívida em ações, caiu de R$ 298 milhões para R$ 229,5 milhões. Um outro aumento de capital, ainda em curso, será de um mínimo de R$ 118 milhões e máximo de R$ 408 milhões.
Ontem, a Brasil Ecodiesel informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que havia prorrogado em dez dias o prazo para subscrição dessa nova operação, que agora ocorrerá até 7 de agosto. "Como ainda há prazo para as sobras [de subscrição], acreditamos que a operação será concluída por volta de 25 de agosto" , diz.
Desse novo aumento de capital, R$ 12 milhões serão de dinheiro "novo" e R$ 106 milhões de conversão de dívida. Com isso, o endividamento ficará em pouco mais de R$ 120 milhões. Desse montante, R$ 44,5 milhões serão de débitos de curto prazo e R$ 78,6 milhões de longo prazo.
Também do resultado do aumento de capital dependerá a real composição do controle da empresa, que se diluiu ao longo do processo de reestruturação. "Não há mais um 'bloco de controle'. Nenhum acionista terá fatia maior que 30%", afirma o diretor. Atualmente, a Eco Green tem fatia de 10,80%, a Zartman Services, de 9,1%, e a Bonsucex, de 8,51%. Nelson José Côrtes da Silveira, o antigo controlador, tem atualmente fatia de 5%.
Patrick Cruz