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Produtores satisfeitos com a canola


Embrapa Trigo - 29 set 2010 - 06:08 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:14

A safra de canola começou neste mês de setembro na Região Sul, trazendo bons resultados aos produtores que contam com a colaboração do clima para as operações de colheita. O gradativo domínio das técnicas de colheita pelo produtor tem sido o principal fator de sucesso na produção.

A evolução nos conhecimentos da pesquisa está permitindo a expansão do cultivo da canola no Brasil, com crescimento de aproximadamente 50% na safra 2010, chegando aos 45.900 hectares. Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Tomm, entre os motivos da expansão está o disponibilização do Zoneamento Agroclimático, a partir de 2008, que permitiu o seguro agrícola aos produtores de canola, associado a baixa liquidez do trigo entre os cultivos de inverno. Contudo, Tomm avalia que a difusão de conhecimentos técnicos sobre a cultura foi determinante para o crescimento: “Um dos desafios era a colheita. O produtor usava a colheita direta com o mesmo maquinário da soja, mas a espera pelo ponto ideal de colheita trazia riscos em perdas associadas à períodos com chuva e vento na maturação e a relativa desuniformidade de maturação dos híbridos de ciclo mais longo”. O desenvolvimento de uma nova plataforma para as colhedoras existentes foi a base do sistema de corte-enleiramento, onde as plantas são cortadas e enleiradas (como quando se cortam e empilham as forrageiras para feno) quando os grãos estão com aproximadamente 35% de umidade, e então ficam por 8-10 dias secando no campo até a maturação total das síliquas para serem colhidas.

Para o produtor Jorge Pino, com 60 hectares de canola em Colorado, RS, a técnica de corte-enleiramento foi decisiva para a implantação da cultura: “É preciso ter segurança na cultura. Antes do enleiramento, qualquer vento na canola madura já assustava porque as síliquas abriam e os grãos caiam no chão. Agora a canola enleirada pega dias de chuva e não estraga”. Segundo ele, a assistência técnica da Cotrijal e a busca de atualizações constantes foram fundamentais para o sucesso na cultura da canola.

Produtor de canola Colorado
Jorge Pino, produtor Colorado, RS

Na propriedade de Vilmar Sartori, também de Colorado, RS, o acompanhamento técnico está dentro de casa. O trabalho do filho Mateus Sartori, 22 anos, como técnico da BSBios levou o produtor a adotar a canola na rotação com o trigo e a soja. “Colocamos na ponta do lápis e decidimos destinar, pela primeira vez, 18 hectares para a canola em 2009. A colheita foi boa, de 22 sacos por hectare, mas ainda assim acredito que perdemos 2 sacos por hectare por falta de conhecimento na técnica de colheita”, avalia Vilmar Sartori. Neste ano, a família aumentou a área para 25 hectares e, considerando o desenvolvimento da lavoura, a produtividade deve chegar aos 28 sacos por hectare.

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Mateus e Vilmar Sartori, filho e pai em Colorado, RS

A geada, principal prejuízo na canola pelo abortamento na floração, prejudicou no ano passado a lavoura de José Moacir Rodrigues Müller, em Tio Hugo, RS, com queda de 20% no rendimento. Mesmo assim, o produtor conseguiu cobrir os custos de produção e aumentou a área para 32 hectares neste ano com o objetivo de compor a rotação com milho, cevada, soja e trigo. O preço de comercialização da canola é indexado pela soja, cotada a R$ 40/saco e um custo de produção atual de R$ 12,00/saco.

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José Moacir Müller, engenheiro-agrônomo e produtor de Tio Hugo, RS

Colheita
A Abertura Nacional da Safra de Canola 2010 foi realizada no dia 27 de setembro, em Colorado, RS (na Agropecuária Ireneu Antônio Vian). Neste ano, a maioria das lavouras do Rio Grande do Sul foi semeada no início do período recomendado, estratégia que fez com que as plantas suportassem melhor a incidência de geadas, que ocorreram quando as as plantas já estavam bem desenvolvidas, não chegando a causar danos significativos. Os gaúchos devem colher mais de 30 mil hectares, com rendimentos que podem variar de 1.500 a 2.300 kg/ha.

No Paraná, mais de 80% dos 12.840 hectares de canola já foram colhidos, com produtividade média de 1.600 kg/ha. Somente na área de fomento da empresa AG Teixeira Agrícola, houve um aumento de 38% em relação ao ano passado, atingindo 7.000 ha. “Mesmo com danos pela geada em alguns locais, a safra pode ser considerada boa, com a maior parte da produção ainda destinada à alimentação”, esclarece o proprietário Geovani Teixeira. A canola como alternativa de inverno é um fenômeno recente no Paraná, que começou a ganhar a simpatia dos produtores nos últimos cinco anos. “Atualmente, 60% da colheita é precedida de corte-enleiramento, mas com acompanhamento direto da assistência técnica. Acredito que o domínio da tecnologia pelo produtor ainda vai levar de dois a três anos para se concretizar”, conclui Teixeira.

Recomendações
Conforme o pesquisador Gilberto Tomm, existem cuidados comuns tanto a colheita direta quanto ao corte-enleiramento, como determinar o ponto de colheita na canola: “o produtor precisa verificar a cor dos grãos e não apenas a aparência das plantas”. Durante a operação, é importante ajustar várias vezes a colhedora durante o dia, já que as variações de temperatura podem alterar a umidade da palha e dos grãos. Na logística, vedar elevadores, caminhões e armazéns também evita perdas.

A canola é um cultivo de inverno que deve, preferencialmente, seguir o cultivo de soja por facilidade de semeadura. Após a canola é recomendável semear milho para que esta gramínea aproveite os nutrientes, especialmente o Nitrogênio, que é liberado gradualmente para a cultura. Pelo controle de doenças nas raízes, a canola tem potencial de aumentar a sanidade das raízes dos cultivos de milho e trigo, por exemplo, otimizando o uso dos nutrientes do solo, reduzindo gastos com fertilizantes. Vale lembrar que, soja e milho só podem ser semeados 20 dias após a colheita da canola.

Tags: Canola