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PBio: Capacidade da usina de Quixadá vai subir 90%


Diário do Nordeste - 29 out 2009 - 07:34 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

Até o primeiro trimestre do ano que vem, a usina de biodiesel da Petrobras em Quixadá deverá ampliar em mais de 90% a sua atual capacidade de processamento, saindo de 50 mil toneladas para 95 mil toneladas anuais. O incremento se dá pela necessidade de elevar a oferta do combustível no País, com a antecipação de 2013 para janeiro do próximo ano do chamado B5, determinação federal que exige que todo diesel comercializado no mercado nacional tenha adição de 5% de biodiesel.

Neste mês, a usina, localizada no sertão central cearense, completou um ano de funcionamento, com uma produção no período que chegou a 40 milhões de litros do biodiesel, de uma capacidade instalada de 57 milhões. A expectativa é fechar o ano de 2009 com uma fabricação de 50 milhões de litros. Com o aumento do potencial da unidade, a atual produção do combustível limpo poderá chegar a algo próximo de seu dobro.

De acordo com o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, o incremento da capacidade da planta cearense, que também se dará nas unidades localizadas na Bahia e Minas Gerais, será suficiente, a princípio, para dar conta do aumento da demanda.

Segundo o gerente-geral da usina de Quixadá, João Augusto, a solicitação à ANP (Agência Nacional de Petróleo) para a ampliação da unidade foi feita recentemente. Ele explica que o empreendimento já vinha com esse potencial de ampliação quando instalado. Os investimentos a serem realizados serão em adaptações na parte de apoio operacional e carregamento da usina. A usina está hoje operando em sua capacidade máxima, funcionando 24 horas. Fornece óleo para os estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, além do próprio Ceará. Os resultados positivos da usina são comemorados juntamente com a recente declaração da ANP de que o laboratório da unidade foi apontado como o de maior qualidade do Brasil. Ele esteve presente ontem, em Quixadá, juntamente com outros diretores da estatal, o secretário do Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, e outras autoridades, no Encontro de Mobilização para a Safra 2009/2010. Na ocasião, foi solicitado o engajamento dos agricultores familiares, presentes na cerimônia, no programa de biodiesel. A estatal se comprometeu a comprar a produção a um valor mínimo de R$ 0,87 o quilo de mamona, cobrindo, entretanto, o valor comercial da matéria-prima, que está em R$ 1,25. Ela também se comprometeu a realizar o pagamento em até sete dias após a entrega da matéria-prima.

Somente soja
Apesar de localizada no Ceará, a usina da Petrobras em Quixadá não vem utilizando, até agora, matéria-prima produzida no Estado. Podendo fabricar o combustível através de mamona, girassol, soja, algodão e gordura animal, a usina, até agora, vem usando somente soja e um pouco de algodão, culturas não existentes na agricultura familiar cearense. De acordo com o presidente da Petrobras Biocombustível, isso vem ocorrendo porque a atual produção de mamona e girassol no Ceará, assim como em outros estados nordestinos, é insuficiente.

"A usina está com um bom desenvolvimento econômico, mesmo trazendo a matéria-prima de longe. Mas não queremos continuar trabalhando assim. Queremos estimular a criação de uma grande mercado agrícola regional", defendeu. Segundo ele, a usina pode chegar a uma utilização de até 30% de mamona. Contudo, ainda há um caminho quilométrico a se percorrer para que a produção da oleaginosa atinja essa meta. Somente para atingir esses 30%, seriam necessárias 40 mil toneladas de mamona.

Entretanto, até agora, a Petrobras Biocombustível só adquiriu 67.581 quilos de 281 produtores. A empresa tem no Ceará contratos com 22.356 agricultores familiares.

DIFICULDADES DO AGRICULTOR
Problemas impedem maior produtividade

Apesar de a Petrobras querer incentivar a produção de mamona no Ceará para utilização em sua usina de Quixadá, os produtores familiares ainda enfrentam uma série de dificuldades que chegam a desmotivar o cultivo. De acordo com a agricultora familiar e representante do Movimento Sem Terra, Antônia Ivoneide Silva, muitas medidas ainda precisam ser tomadas para que a produtividade das plantações de oleaginosas se torne economicamente satisfatória.

Um dos problemas é a recuperação do solo. É preciso apoio aos produtores, que necessitam tanto do adubo, como de orientação de como utilizá-lo.

Além disso, o incentivo dado pelo Governo do Estado aos agricultores de R$ 200,00 por hectare plantado está sendo entregue com atraso, segundo afirma. "Era pra ser entregue em março ou abril, e agora que está chegando. Existe uma burocracia muito grande". A necessidade de aplicação de melhores tecnologias de plantio é outra reclamação da produtora. "Tem muita enxada na produção. Precisamos de tratores, ou veículos de tração animal, mas é preciso maior tecnologia", reclama.

O acesso ao crédito facilitado, segundo ela, poderia resolver estas dificuldades. Ivoneide coordena 1974 agricultores rurais de mamona, responsáveis por uma produção de 720 toneladas da oleaginosa. (SS)

SÉRGIO DE SOUSA

Tags: Quixadá