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Pará quer dianteira na produção de dendê e biodiesel


Diário do Pará - 21 set 2009 - 06:04 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

Terras férteis, luminosidade o ano todo e quantidade de chuva fazem do Pará um dos principais Estados quando o assunto é o potencial de produção de biodiesel a partir do óleo de palma ou óleo de dendê, como é mais conhecido no Brasil. Não por acaso, duas das maiores empresas do País - Vale e Petrobras - estão em vias de implantar na região projetos para o plantio de dendê e a produção do chamado combustível verde.

A novidade foi confirmada pelo titular da Secretaria de Desenvolvimento Ciência e Tecnologia do Pará (Sedect), Maurílio Monteiro. Ele diz que, embora não tenha números fechados sobre o volume que poderá ser produzido, o governo trabalha com a meta ambiciosa de fazer do Pará o maior produtor mundial de óleo de dendê, superando países como a Malásia, que hoje se destaca nesse mercado.

E o objetivo dessa produção não é chegar apenas ao óleo queridinho da indústria de alimentos, usado em produtos como margarina e biscoitos. A idea é avançar até o óleo combustível, que poderá mover carros e máquinas industriais com preços e níveis de poluição mais baixos. “Podemos até a vir exportar o biocombustível, mas nossa prioridade será o consumo interno”, diz Monteiro.

A Vale, por exemplo, poderá usar o biocombustível para mover as locomotivas das plantas de extração de minério de ferro, cobre, níquel e bauxita instaladas no Pará.

Região: potencial em 10 milhões de hectares
Os resultados dos investimentos previstos para começarem este ano só aparecerão nas bombas a partir de 2014, quando Vale e Petrobras consolidarão a implantação das unidades de beneficiamento da palma.

Só a produção da Vale gerará seis mil empregos diretos, de acordo com estimativas apresentadas pela empresa ao governo do Estado. Tanto Vale como Petrobras incentivarão a produção da palma por pequenos produtores, que seriam beneficiados com assistência técnica e financiamento. Eles receberiam sementes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que recebeu do governo federal a missão de desenvolver a parte tecnológica do Programa de Incentivo à Produção de Dendê. Uma das prioridades do governo antes do pré-sal, o biocombustível era principal aposta de matriz energética capaz de dar competitividade ao Brasil frente aos outros países.

Para que os pequenos produtores se animem com o plantio, as empresas darão garantias de que comprarão a produção. Só o projeto da Vale beneficiaria duas mil famílias, com acompanhamento do governo do Estado.

Vale e Petrobras e os governos federal e estadual apostam que não será necessário fazer desmatamentos no Estado para a produção de biocombustíveis em alta escala. Com discurso afinado, dizem que serão usadas apenas áreas já antropizadas. Por isso, o plantio só se intensificará após a conclusão do zoneamento econômico-ecológico do Estado, que detalhará a vocação econômica e ambiental do território paraense.

Apenas no projeto da Vale, que será resultado de um consórcio com a empresa Biopalma, serão ocupados 130 mil hectares. Mais da metade, 70 mil, seriam destinados à reserva legal e preservação permanente, com recursos do consórcio para a manutenção.

Do ponto de vista ambiental, o projeto apresenta a vantagem de reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Nos 25 anos de vida útil do empreendimento, seriam capturadas 12 milhões de toneladas de carbono, o equivalente às emissões de 200 mil carros ao longo de todo esse período.

Além do plantio do dendê e extração do óleo, as empresas devem fazer também a comercialização de subprodutos usados nas indústrias de cosméticos e de ração animal, caso das cascas e amêndoas do dendê. A energia necessária aos projetos também virá da palma.

Essa não será a primeira vez que grandes empresas investem no plantio do dendê na Amazônia. Nos anos 70, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) incentivou o plantio da palma para a produção do óleo usado na indústria de alimentos. Alguns desses empreendimentos fracassaram por culpa da ação de pragas. Desta vez, diz o titular da Sedect, a história poderá ser outra. “A biodiversidade da Amazônia é uma riqueza, mas também impõem desafios. As plantações foram atacadas por pragas mas a própria experiência mostrou quais os tipos resistentes aos ataques”, diz.

Outro desafio para o projeto biocombustível a partir do óleo de palma é a bagunça fundiária do Pará. Monteiro diz que o governo aposta no Cadastro Ambiental Rural para a regularização fundiária e ambiental das propriedades, o que ajudará na adesão dos produtores, com acesso a crédito.

A produção de dendê na Amazônia, diz Monteiro, é parte da estratégia do governo para atrair investimentos e faz parte também dos planos do governo federal.

Hoje o Brasil é o 16º produtor da cultura com cerca de 70 mil hectares plantados. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o potencial na Amazônia é para o plantio de dez milhões de hectares.

Tags: Biopalma Dende