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Esgoto é destino de óleo de cozinha


Jornal Correio de Uberlândia - 21 ago 2009 - 06:37 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

O despejo de óleo de cozinha nos ralos das residências e empresas representa o terceiro maior gasto do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) com manutenção do esgoto de Uberlândia. Dados atualizados indicam que, nos oito primeiros meses de 2009, cerca de 560 solicitações de manutenção foram feitas ao departamento por obstrução na rede ocasionada por grande quantidade de óleo e gordura. O número corresponde a 6,6% dos 8.336 pedidos diversos de conserto no período. O bairro Cazeca, setor Central, é o bairro com maior número de casos, contando com 16,2% do total das ocorrências com óleo.

No ano passado, de janeiro a dezembro, os casos de obstrução da rede com óleo chegaram a 831 ocorrências, representando 5,9% das 14.075 intervenções totais pedidas ao Dmae e também caracterizando o terceiro maior gasto com manutenção para o departamento.

São cerca de 7 mil litros de óleo animal, vegetal e mineral escoados para o sistema de esgoto diariamente. De acordo com o diretor-geral da Dmae, Epaminondas Honorato, do ano passado para cá, o número de casos aumentou e diz que o óleo acarreta problemas operacionais nos canais de esgoto e nas estações de tratamento. “O óleo entope a rede causando refluxos que prejudicam os usuários. Já nas estações, forma-se um manto que retarda o tratamento pelos reatores”, afirmou.

Honorato afirma também que os recursos gastos com este problema poderiam ser revertidos em investimentos. “Temos uma verba de R$ 300 mil mensais para arcar com todas as manutenções. A limpeza do óleo chega a custar R$ 20 mil mensais ou mais. Dinheiro que poderia ser utilizado em outras coisas caso as pessoas tivessem mais consciência e limpassem as caixas de gordura de suas residências e/ou empresas”, disse, lembrando que o óleo de cozinha pode ser reciclado, transformado em sabão e biodiesel.

Coletores recolhem produto em empresas
Em Uberlândia, coletores da Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos (Arca) recolhem o óleo e, de acordo com o presidente interino da entidade, Antônio Gorete, cerca de 50 a 60 litros mensais são recolhidos em empresas parceiras e vendidos a R$ 0,30 o litro. “É um produto que é negociado com organizações de beneficiamento para  biodiesel”, afirmou.
A Cooperativa dos Recicladores de Uberlândia (Coru) também adota a prática. O presidente João Batista diz que há dez meses vem procurando parcerias para recolher o material. “Qualquer um que nos procurar poderá ter seu óleo recolhido”, disse.

Dona de casa transforma gordura em sabão
A fabricação de sabão em pedra e líquido a partir do óleo doméstico é uma das alternativas de reciclagem. Desde pequena, a dona de casa Joana Luiza pega o óleo que consome e transforma em sabão. “Todo mês faço sabão em pedra para usar na limpeza dos meus vasilhames”, disse.

Situação parecida é a da auxiliar doméstica Maria Neide, que reúne cerca de três litros de óleo para fazer 20 litros de detergente. “É um costume que tenho. Além de ajudar o meio ambiente, estou economizando”, afirmou, alegando desconhecer o preço de um detergente industrial, já que produz o seu próprio desde a adolescência.

Fernando Boente