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Delfim vê conflito entre produtores de etanol e Petrobras


Correio do Estado - MS - 30 nov 2007 - 07:27 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Resolver o grave conflito de interesses entre os produtores de etanol e a Petrobras é o grande desafio hoje no Brasil, na opinião do ex-ministro de Planejamento e de Agricultura Delfim Neto.  Segundo ele, os interesses da Petrobras são diferentes dos interesses dos produtores, das indústrias.

Na palestra que ministrou no dia da abertura da Feira de Negócios Rurais, realizada conjuntamente pelo Sebrae e Casa Rural (leia-se Famasul, Senar e Funar), Delfim Neto salientou que o segmento do etanol tem que construir a sua propria estrutura, se tornar independente da Petrobrás em todos os sentidos, tanto na armazenagem, transporte e comercialização do etanol.

Para ele, o Brasil está muito bem no que se refere aos biocombustíveis, uma vez que 44% da energia produzida pelo Brasil já é renovável, enquanto no mundo todo apenas 14% são.  Embora não acredite que exista tão cedo um mercado externo para o etanol, uma vez que muitos países do mundo estão correndo atrás e produzindo seus combustíveis alternativos, Delfim acredita que um amplo mercado interno está se abrindo na medida em que, hoje, 86% dos automóveis fabricados no País sairão pelo sistema flexfuel.  E esse percentual vai continuar crescendo, assim como poderá ser ampliado, também, o percentual de álcool a ser misturado na gasolina.

Outro ponto importante da palestra do ex-ministro de Planejamento e de Agricultura que ele fez questão de tocar é quanto mito de que a ampliação da produção de etanol a partir da cana vá comprometer a produção de alimentos, seja de carne seja de produtos agrícolas.

"Isso não existe", afirmou Delfim.  Segundo ele, com a melhora nos índices tecnológicos nos proximos anos, o que acontecerá, na verdade, será a redução da área ocupada pela cana em cada empreendimento.  E explicou: há 20 anos em um hectare de terra se produzia 2.346 litros de etanol, hoje está se produzindo 6.075 e a tendência é que a produtividade vá melhorando com o tempo.  Ele garante que no setor de etanol, para o futuro, será liberada terra e, também, mão-de-obra, que poderá ser utilizada pelo segmento do biodiesel.

Quanto ao biodiesel, Delfim Neto foi ainda mais enfático.  Disse que o Brasil nunca vai ter muito espaço para exportar biodiesel, garantindo que a Europa e outros países estão muito mais adiantandos no que se refere a esse biocombustível.  Para o Brasil, o biodiesel, na sua opinião, será muito positivo para os pequenos produtores, os agricultores familiares.  Disse que poderá ser uma excelente opção para melhor redistribuir a renda nesse segmento, mas que não se deve ter ilusões quanto a exportação

Maurício Hugo