Ajuste no biocombustível
O governo está promovendo, em tempo hábil, os ajustes de rota necessários à consolidação do programa nacional de biodiesel. Iniciativa pioneira tanto no âmbito da produção agrícola como na diversificação dos biocombustíveis, o programa oferece uma variada gama de oportunidades a grande, médio e pequeno produtores, promovendo, ademais, a inclusão da faixa mais sacrificada da economia primária pela oferta de preços competitivos, garantia de aquisição da produção e incentivos ao plantio.
O País deslanchou o programa de transformação da agricultura familiar, principalmente, pela indução do cultivo de oleaginosas como fontes de matérias-primas para alimentar as unidades industriais da Petrobras Biocombustível.
Experiências anteriores alimentaram, por décadas, a exploração agroindustrial dessas oleaginosas, especialmente, do algodão, mamona, girassol e oiticica. Agora, o objetivo desse novo ciclo exploratório é muito mais amplo, desafiador e persistente.
A meta da inclusão social tem papel relevante por representar uma oportunidade rara de modificar as práticas culturais da agricultura de subsistência, limitada em produção e produtividade pela ausência de tecnologias sofisticadas.
As regiões Norte e Nordeste têm, nos propósitos dessa nova política, uma relevância à parte, como saída para superar séculos de atraso estrutural. Entretanto, produzir oleaginosas para atender à crescente procura de matérias-primas por parte das plantas industriais exige tempo, motivação dos pequenos plantadores e a superação das dificuldades dos grandes desafios.
Os médios e grandes empresários rurais perceberam as oportunidades surgidas com o programa e se lançaram na ingente tarefa de identificar a cultura capaz de oferecer maior produtividade depois da extração do óleo para compatibilizar preços, custos e lucros.
O consumo interno anual de biocombustível já alcança 1,3 bilhão de litros, resultante do adicionamento de 4% no diesel. Agora, o governo decidiu antecipar de 2013 para o próximo ano a elevação da mistura para 5%, implicando em mais consumo interno do combustível verde. Porém, com essa decisão, foi identificada a primeira distorção, reconhecida, aliás, pelo presidente da República: hoje, 79% do total do combustível produzido no País tem a soja como sua fonte.
O sebo bovino vem em segundo lugar, com 15%, e o óleo de algodão, com 4,1%. Essa realidade é inaceitável para o presidente Lula da Silva, diante do argumento segundo o qual alimento não deve ser transformado em combustível. Daí a sua recomendação à Petrobras Biocombustível para mobilizar os agricultores no plantio de outras oleaginosas, diversificando a produção.
Traduzindo essa preocupação, o primeiro aniversário da unidade industrial da Petrobras Biocombustível, de Quixadá, foi comemorado ontem com o 4º Encontro de Mobilização para a Safra 2009/2010. Os 16,7 mil agricultores transformados em fornecedores de mamona à empresa estão sendo estimulados a elevar cada vez mais a produção atual, de 15,5 mil toneladas anuais.
A empresa reassegura assistência técnica, preços mínimos e garantia de compra de toda a produção a quem queira produzir mamona ou girassol, reafirmando o seu esforço de transformação da agricultura familiar, ainda limitada diante da demanda.
Editorial Diário do Nordeste