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Univaldo Vedana

O futuro dos combustíveis renováveis


Univaldo Vedana - 21 jul 2008 - 13:16 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

O petróleo dominou absoluto nos últimos 100 anos como único combustível líquido. Outros combustíveis foram apenas coadjuvantes. O nosso hoje famoso álcool passou trinta anos como coadjuvante na gasolina. Somente após a alta do petróleo a partir de 2004 ele começou a ocupar seu lugar e hoje seu consumo é maior do que de gasolina.

Pensar que o petróleo será substituído no futuro por apenas um tipo de combustível renovável não é recomendável. Cada região ou país tem suas peculiaridades. Cada país tem seus interesses estratégicos, econômicos e de segurança tanto alimentares como de energia. Com o petróleo beirando os U$ 150 o barril viabilizam-se inúmeras fontes de energia antes impensáveis. O álcool celulósico produzido com restos de madeiras, de gramas, de restos de culturas agrícolas, entre outros tantos resíduos da biomassa deverá ocupar um lugar de destaque no cenário energético de muitos países. Temos também a gaseificação da biomassa, inclusive lixo urbano, para produzir o gás de síntese, com esse gás podemos obter diversos tipos de combustíveis.

No caso específico do biodiesel, que está sendo visto como principal substituto do diesel mineral, existe no mundo dezenas ou até centenas de opções para a produção de óleo. Para melhor exemplificar, tomemos o exemplo brasileiro. O futuro do biodiesel no Brasil dependerá do óleo de mais de uma dezena de plantas. Das plantas nativas da região Norte às indefinições técnicas e agronômicas das melhores plantas para o Nordeste e semi-árido como a mamona, pinhão manso, algodão, girassol, amendoim e algumas palmeiras com grandes possibilidades. Passando por definições de quais serão as melhores opções para o Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil.

Se no Brasil, que possui menos de 5% da superfície terrestre do planeta, está complicado definir quais serão as melhores oleaginosas para a produção de óleo, imaginem transferir isso para uma escala global. O empenho dos governos, das organizações internacionais na definição de qual será o caminho energético a ser seguido e definições claras de políticas agrícolas mundiais será determinante para que o capital possa ser locado no caminho certo.

Os biocombustíveis são energias que se plantam. Os alimentos também. Cabe aos governos e países definirem as prioridades, onde plantar o quê e para quê. Terras para cultivo ainda temos bastante na América Latina e no continente africano. Novas tecnologias de produção com aumento de produtividade são pesquisadas e incorporadas no campo. Temos áreas disponíveis para atender a demanda alimentar global e boa parte dos combustíveis renováveis. Falta-nos organização, projetos de longo prazo, políticas agrícolas claras, definidas e específicas. Sobram discursos, projetos e políticas agrícolas que não saem do papel. 

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel