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Univaldo Vedana

O crambe e o pinhão-manso


Univaldo Vedana - 22 jan 2008 - 15:59 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Duas culturas cujo óleo será usado principalmente para a produção de biodiesel merecem nossa atenção. O óleo destas duas plantas não serve para a alimentação humana e sua utilização para biodiesel não concorre com a produção de alimentos.

O crambe já foi registrado no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura pela Fundação MS, de Maracajú, no Mato Grosso do Sul. O crambe será a planta que ocupará as terras mecanizáveis no período de março a outubro. Somente para lembrar, em cerca de 70% de toda a área agrícola de verão ocupada com soja e milho não é plantado nada na safrinha ou no inverno.

O plantio, os tratos culturais e a colheita do crambe são feitos com máquinas. É a planta ideal para os produtores de soja e milho que tem as terras e as máquinas e agora, uma cultura intermediária para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, a partir do mês de março, ou seja, após a colheita da safra de verão.

As principais características do crambe apontadas pela Fundação MS são:
•    Baixo custo de produção, cerca de R$ 250,00 por hectare.
•    Pouca necessidade de água, boa umidade no solo somente nos primeiros 40 dias após o plantio.
•    Inicio da floração a partir do 35º dia após o plantio.
•    Precocidade. 95/100 dias do plantio à colheita.
•    Uniformidade na maturação.
•    Produção por hectare de até 1.500 quilos.
•    Teor de óleo de até 36%.
•    Cultivo na safrinha ou no inverno.
•    No sul do Brasil poderá ser plantado até os meses de julho e agosto.
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Estas características conferem à planta um grande potencial para a produção de óleo, resta saber se os produtores abraçarão seu plantio e se as indústrias de biodiesel formarão parcerias e integrações com os produtores garantindo a compra do crambe produzido.

O pinhão-manso, ao contrário do crambe, é uma cultura que exige tratos manuais. Do plantio à colheita há necessidade de mão-de-obra. A colheita será obrigatoriamente manual, e serão diversas por ano. Salvo algumas operações de capinas, roçadas e pulverizações (se o plantio foi efetuado com espaçamento adequado, prevendo a entrada de tratores).

O pinhão manso é a planta para a agricultura familiar. Sua grande vantagem é a grande produção de óleo que pode alcançar até 2.000 quilos por hectare. O plantio pela agricultura familiar poderá ser consorciado com diversas culturas alimentares.

O crambe e o pinhão-manso são plantas que atenderão duas realidades brasileiras: os agricultores do agronegócio da soja e a agricultura familiar. O sucesso dessas culturas dependerá mais da capacidade de planejamento e organização das usinas de biodiesel na estruturação local da cadeia produtiva, do que ações do governo. Embora o governo possa ajudar facilitando o financiamento dessas culturas.

O crambe por ser uma cultura anual com ciclo de 100 dias e mecanizável proporciona retorno mais rápido tanto para o produtor como para o usineiro. Já o pinhão manso demora 4 anos para alcançar sua produção máxima e tem um retorno mais demorado, mas é plantado uma vez só e produz por décadas.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel e responsável pela primeira fábrica de biodiesel do país abrangendo todo o processo de produção.