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Luiz Pereira Ramos

Congresso Brasileiro de Agrobioenergia 2008


Luiz Pereira Ramos - 06 out 2008 - 16:22 - Última atualização em: 27 fev 2015 - 13:31

CONBIEN 2008

O Primeiro Congresso Brasileiro de Agrobioenergia (CONBIEN 2008), realizado de 28/10 a 03/11 simultaneamente ao Simpósio Internacional de Biocombustíveis, encerrou nesta sexta-feira após quatro dias de trabalhos organizados pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Naturalmente, a abrangência da agrobioenergia oferece uma grande diversidade de temas que poderiam se constituir em seminários e/ou congressos isoladamente. No entanto, fóruns como o que se realizou em Uberlândia são importantes para unificar ações e promover integração entre todos os componentes da cadeia de produção e uso de biocombustíveis. Baseado nesta premissa, o congresso ofereceu amplas oportunidades de atualização em áreas como produção de matéria-prima (enfoque agronômico), produção e uso de biocombustíveis líquidos e de seus co-produtos (enfoque tecnológico), definição de políticas públicas para fomentar o setor (enfoque político), avaliação da sustentabilidade dos processos associados à produção e uso de biocombustíveis (enfoque ambiental) e critérios para o estabelecimento de arranjos produtivos locais baseados em agricultura familiar (enfoque social).

Mais uma vez, um dos assuntos mais recorrentes nas sessões técnicas do evento ficou atrelado à produção de matéria-prima e, no caso do biodiesel, à tão discutida viabilidade do pinhão-manso como eventual salvação para a produção de óleo vegetal não-comestível. No aspecto tecnológico, preponderaram as considerações sobre processos de primeira geração para a produção de biodiesel e etanol, com pouca ou nenhuma alusão a temas como tecnologias de produção de etanol de segunda geração. A importante vertente tecnológica relacionada aos processos térmicos (pirólise e gaseificação, seguida ou não da produção de combustíveis sintéticos) também foi pouco discutida como conseqüência de uma agenda fortemente estruturada na questão agronômica. No entanto, ainda assim, a estratégia dos organizadores foi bem sucedida porque o maior gargalo da produção de bioenergia no país (e no mundo) reside, indiscutivelmente, na baixa disponibilidade de matéria-prima, particularmente de origem lipídica.

A participação internacional no evento foi relativamente limitada, mas, suficiente para que lideranças regionais se organizassem em torno da criação de uma Associação Latino-americana de Agroenergia e Biocombustíveis, cujos objetivos estarão sendo definidos oportunamente por um comitê gestor. Pesquisadores e empresários de várias instituições, reunidos ao final da assembléia de constituição da referida associação, foram indicados como componentes deste comitê para definir a agenda inicial da Associação e nuclear as primeiras discussões acerca de sua constituição, incluindo aspectos relacionados ao regimento, metas e agenda futura para organização de suas ações técnicas e/ou científicas. Entre elas, foi definida uma estrutura organizacional baseada em diretorias regionais que defendam as vocações de cada país e de suas regiões, a criação de uma revista especializada com corpo editorial rígido e submissão eletrônica, o lançamento de uma página eletrônica que facilite a integração dos associados e a busca por mecanismos institucionais que fortaleçam e consolidem a Associação em todo o continente.

Ao final do evento, o Convention Bureau da cidade de Rosário (Argentina) anunciou sua candidatura para sediar a segunda edição do evento, que deverá ocorrer no mês de outubro do ano que vem. Trata-se, portanto, de uma iniciativa muito interessante que já está encontrando ressonância em outros países e que, com a consolidação da Associação Latino-americana de Agroenergia e Biocombustíveis, deverá se constituir em um dos principais fóruns mundiais de pesquisa e desenvolvimento nesta área. Esperemos que os pesquisadores e empreendedores que hoje estão estruturando a Associação tenham pleno sucesso em suas intenções, e que a nossa representatividade no setor, em nível mundial, seja suficientemente fortalecida para que as perspectivas de desenvolvimento regional da agrobioenergia sejam bem sucedidas e amplamente compartilhadas entre todos os países da América Latina.

Luiz Pereira Ramos, UFPR. Saiba mais sobre o autor.
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