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Petrobras e o biodiesel: as perguntas sem respostas


Julio Cesar Vedana - 07 jun 2009 - 17:23 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:08
Atualização: A Petrobras Biocombustíveis concedeu uma entrevista exclusiva à BiodieselBR em sua sede no Rio de Janeiro e respondeu todas as perguntas abaixo. A entrevista na íntegra está publicada aqui.

Com toda a confusão envolvendo uma provável CPI da Petrobras e a clara disputa política em torno do assunto, os grandes jornais do Brasil entraram de cabeça na história.

Mas a estatal parece que não ficou satisfeita com o que está saindo nestes jornais e resolveu contra-atacar. Criou um blog para tornar público, “sem edição de dados”, os questionamentos da imprensa. E para isso resolveu publicar as perguntas e respostas enviadas pelos jornais. Ao que parece os veículos não gostaram da atitude da Petrobras e o Estadão até questionou se não seria ilegal publicar o e-mail sem autorização do repórter. A estatal discordou e considerou que as perguntas e respostas são públicas.

Partindo de uma multibilionária companhia, a simples idéia da criação do blog é fantástica. Aplaudo de pé a pretensão de ampliar a transparência.

E para minha surpresa, o blog divulgou algumas perguntas do jornal O Globo sobre a mamona e o biodiesel. Não quero entrar no mérito da escolha da mamona porque considero essa história já largamente superada. Os dados da ANP mostram que até março nenhuma usina utilizou a oleaginosa para produzir biodiesel. Nenhuma, nem mesmo a Petrobras. A própria empresa nas repostas ao Globo não afirma que produz biodiesel com mamona. O destino deve certamente ser a venda do óleo, que remunera muito melhor.

Mas voltando à criação do blog, freqüentemente nossas perguntas à estatal ficam sem respostas. E alguns meses atrás solicitamos ao então presidente da Petrobras Biocombustível, Alan Kardec, algumas respostas, ao que a assessoria prontamente informou: “Vai ser difícil concluir o questionário”, se referindo as nossas perguntas. Eles acharam que eram muitas questões e não responderam nenhuma.

Quem sabe agora, após a criação do blog, a estatal dê mais importância às nossas dúvidas. Por isso reenviei hoje as perguntas não respondidas para a assessoria da empresa. E estimulando os anseios de transparência, já me adianto ao blog da Petrobras e publico aqui as perguntas.

E volto a parabenizar a Petrobras pela transparência que almeja ao criar o blog. Só que a iniciativa pode ser muito prejudicial caso as dúvidas continuem se acumulando.

As dúvidas:
A Petrobras divulgou que foi gasto cerca de 100 milhões de reais na construção de cada usina de biodiesel. Fabricantes do setor afirmam que com esse montante é possível construir até duas usinas com capacidade superior a uma unidade da Petrobras. Por que o custo foi tão acima do preço de mercado?

As maiores usinas de biodiesel no Brasil foram construídas ou perto da produção de matéria-prima ou perto do consumo. Porque a Petrobras escolheu outra alternativa?

As usinas existentes na região Nordeste e Norte possuem capacidade instalada muito superior à demanda, exigindo o transporte do biodiesel para o Sudeste, com o conseqüente aumento de custo. Isto já não seria um fator determinante para a instalação de novas usinas em outras regiões? Lembro que já está previsto uma nova usina na região Norte.

Na divulgação do plano de negócios não foi mencionada a construção da usina 'premium' em Pernambuco (cuja autorização para construção foi assinada pelo presidente Lula em dezembro de 2008). Houve recuo nesse investimento?

Quais são os gargalos das usinas de Quixadá e Montes Claros?
 

 Confira as respostas para as perguntas nesta entrevista exclusiva.


Na aquisição ou construção de novas usinas são considerados fatores políticos?

As unidades da Petrobras planejam verticalizar a produção integrando esmagadoras?

A diretriz de “operar com capacidade plena” pode ser revista em momentos de grande oferta e pouca demanda?

Em quanto tempo a Petrobras Biocombustível espera ter retorno dos investimentos feitos com biodiesel?

Como será o fornecimento de matéria-prima nas três unidades este ano?

Como se dariam as duas parcerias que a empresa pretende fazer com outras usinas?

Porque a Petrobras optou por concentrar suas usinas na região Nordeste?

A Petrobras continuará focada nas regiões Nordeste e Norte ou pensa em outras regiões do Brasil para futuras unidades?

Julio Cesar Vedana é diretor de redação da Revista BiodieselBR e do portal BiodieselBR.com