Soja, carne bovina e milho pressionam inflação medida pelo IGP-10
Três produtos agropecuários comercializados no atacado foram os principais responsáveis pela alta de 2% na inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), em julho, conforme divulgou hoje (16) a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Na comparação com junho, a soja em grão subiu de 1,33% para 12,88%, a carne bovina, de 5,90% para 11,15% e o milho, de –2,93% para 6,93%. O IGP-10 mede a evolução de preços entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês atual.
“Os grãos subiram por problemas climáticos no exterior [chuvas nos Estados Unidos], mas que afetam as cotações no Brasil. E os bovinos, pela falta de animal para abate, um fenômeno que acontecia e foi intensificado”, explicou o economista da FGV, Salomão Quadros.
Segundo ele, os produtos agropecuários representam 15% do IGP-10 e poderiam ter pressionado ainda mais a inflação registrada em julho, se os demais componentes do indicador não registrassem trajetória de desaceleração, um crescimento menor.
“Cerca de 85% do IGP está em fase de desaceleração como mostra o desempenho de produtos industriais no atacado, o Índice de Preços ao Consumidor e o Índice Nacional de Preços da Construção”, explicou.
Para Quadros, a elevação do IGP-10 neste mês atrapalha a trajetória de desaceleração da inflação, mas, deve ser superada dentro de um ou dois meses. “A desaceleração vai se manifestar, mas vai atrasar um pouco”, disse.
O economista acredita que, na próxima medição, em agosto, é possível que o reajuste de tarifas como energia elétrica e também a adição de biodiesel ao diesel, pressionem a inflação, que, este mês, representou uma pequena elevação de preço para 2,13%.
“A partir de julho, houve uma mudança na regulamentação do biodiesel, com aumento da participação de óleos vegetais, que são mais caros, e isso trouxe uma rodada menor, mas uma nova rodada de alta do diesel”, acrescentou.
Isabela Vieira, da Agência Brasil