PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Biodiesel

Preço pode transformar a soja em combustível


O Estado de S. Paulo - 13 mar 2006 - 06:44 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Se há risco de o óleo de mamona ser desviado do biodiesel para aplicações industriais tradicionais, com o óleo de soja a preocupação é a inversa.  Também por causa do preço, teme-se que ele troque a indústria alimentícia pelo biodiesel.

Em 2004, 81% do óleo vegetal produzido no mundo foi destinado à alimentação humana, 10% à indústria oleoquímica, 6% a ração animal e apenas 3% ao biocombustível, segundo a Oil World.  Em 2008, a organização estima que a fatia da alimentação humana caia para 78%, enquanto a do biocombustível deve dobrar para 6%.

"O setor alimentício contra o mineral é uma luta de Davi contra Golias", alerta Marcello Brito, diretor comercial da Agropalma.  Para Arnoldo Campos, coordenador do Programa de Biodiesel, o Brasil não corre risco por causa da diversificação.

Ao lado da mamona e do dendê, o biodiesel terá outras matérias-primas, como pinhão manso, caroço de algodão, girassol, nabo forrageiro, sebo e até óleo de fritura.  Campos argumenta ainda que o óleo de soja, a principal matéria-prima de biodiesel, tem sobrado no Brasil.  A produção é dirigida para a venda de farelo, que representa 80% do grão.  O óleo, 19% do grão, é resíduo da produção de farelo.

Campos acredita que nem haverá aumento da área de cultivo.  "Quem está entrando no biodiesel com óleo de soja já tem o produto", diz.  "Só estará lhe dando valor agregado maior."

"Não vamos reduzir uma vírgula da nossa participação no mercado alimentício, mas aproveitar a ociosidade", confirma Juan Diego Ferres, sócio diretor industrial da Granol, que está investindo R$ 120 milhões em capacidade instalada de 240 milhões de litros de biodiesel.  A Agropalma também não vai trocar de setor.  "Achamos isso loucura", diz Brito.  L.S.