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Biodiesel

Glencore negocia controle da Sperafico


Valor Econômico - 10 jul 2008 - 05:08 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

A multinacional suíça Glencore, que concentra boa parte de suas atividades no setor de mineração, prepara para as próximas semanas o anúncio de seu retorno ao mercado brasileiro de grãos. A companhia negocia investimento na Sperafico Agroindustrial, de Toledo (PR), que, entre as alternativas avaliadas, daria a ela controle acionário da empresa paranaense.

O braço de atuação no segmento de grãos da Glencore no Brasil foi adquirido pela ADM em 1997. O negócio incluiu a compra pela multinacional americana de um escritório de operações em São Paulo, 33 silos de armazenagem e uma fábrica de processamento de fertilizantes.

Os detalhes do negócio entre Glencore e Sperafico devem ser anunciados dentro de 30 a 45 dias, segundo fonte próxima às negociações ouvida pelo Valor. “Se tudo ocorrer como planejado”, disse a fonte, a Glencore ficará com o controle da brasileira.

A Sperafico completou 50 anos de vida em 2007, ano em que atingiu faturamento de R$ 1,2 bilhão. Com problemas para reforçar seu capital de giro, de acordo com a fonte, a empresa, que já teve 1.600 funcionários, tem um quadro de pessoal de cerca de 1.100 pessoas.

A estrutura da companhia inclui cinco plantas de esmagamento de soja localizadas em Bataguassu e Ponta Porã (MS), Cuiabá (MT), Marechal Cândido Rondon (PR) e Orlândia (SP). Entre unidades próprias e arrendadas, são 45 os armazéns para estocagem de grãos, distribuídos nos mesmos Estados em que estão as esmagadoras. A empresa também comercializa soja, trigo e produtos de nutrição animal.

As operações agrícolas da Glencore distribuem-se em países da União Européia e do norte da África, Rússia, Ucrânia, Casaquistão e Austrália. Na América do Sul, subsidiárias da empresa têm cinco beneficiadoras de arroz no Uruguai e na Argentina que, somadas, têm capacidade de 400 mil toneladas anuais. As operações incluem ainda parceria com o grupo argentino Vicentín para a produção de biodiesel e o controle da Moreno, unidade de processamento de girassol.

A multinacional suíça já havia aberto negociações com a Sperafico há pelo menos três anos, mas elas não foram adiante. A nova investida começou há seis meses. Procurada pelo Valor, a Glencore preferiu não conceder entrevista.

A definição da estrutura do negócio entre Glencore e Sperafico dependerá de auditoria interna (“due dilligence”) na paranaense. A partir dela, de acordo com a fonte, serão acertadas as fatias de cada companhia na nova estrutura. Os membros da família Sperafico, que controlam a empresa, podem continuar nas operações.

Depois da “due dilligence” também será definido o perfil do investimento, que incluirá aumento de capital e assunção de dívidas. Em um momento de alta do preço da soja, a Sperafico enfrentou problemas para pagar fornecedores do produto.

No mercado de mineração, a Glencore manteve-se em evidência nos últimos meses em virtude das negociações de compra, pela Vale, da Xstrata, da qual a Glencore, com 35% de participação, é a maior acionista individual. Sem acordo, as negociações foram encerradas.