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Biodiesel

Experiência com Pró-Álcool reflete no Pró-Biodiesel


O Documento - 01 jun 2006 - 17:02 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Economia forte, poder estatal atuante, crédito abundante, mão-de-obra barata e experiência tecnológico-agrária, estes são alguns dos fatores positivos que formaram a base para o desenvolvimento crescente do Pró-Álcool, no início do Programa, que foi idealizado a partir de dois choques econômicos nos anos 70, quando o petróleo subiu de U$ 2,90 para U$ 11,65 (1973), e posteriormente chegou ao preço médio de U$ 80, no equivalente ao dólar da atualidade.

As lições do Programa, que significou uma reação do País à sua extrema dependência energética (cerca de 40% do total de energia total do Brasil, na época, era importada, bem como 85% do petróleo), segundo o pró-reitor de pesquisas da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso-UFMT e coordenador do Biodiesel BR (acontecendo no Centro de Eventos Pantanal até neste dia 2), Paulo Teixeira, agora, num proposto Pró-Biodiesel, “muito pode ser observado desta experiência, a exemplo da necessidade de crédito barato e de se ter bases tecnológicas para empreender esta nova frente; a importância da participação do Estado com políticas e alguma intervenção de forma reguladora e para criação de linhas de incentivo à produção em geral e a determinadas culturas que são matéria-primas”, avalia o pró-reitor.

Júlio Pinho, da Gerência de Desenvolvimento Energético, área de Energia Renovável da Petrobrás, que participou de uma mesa redonda sobre “A Indústria do Etanol e a Emergente Indústria do Biodiesel – Soluções Brasileiras para a Crise Energética”, nesta segunda edição do Biodiesel BR, ressaltou que o biodiesel surge num contexto diferente do álcool. Segundo ele, as questões ambiental e social são as grandes propulsoras do combustível. “Nem fatores geopolíticos, nem macroeconômicos mas, principalmente, atendendo à corrente de 1972 que trouxe conceitos de desenvolvimento sustentável também com indicadores sociais e não mais somente com bases no PIB ou renda per capita, bem como ambientais”, foca ele, lembrando que a escolha do Governo Federal pela instalação de 3 usinas de biodiesel – em Quixadá (CE), Candeias (BA) e Montes Claros (MG) – tem a ver com a proposta de inclusão social por meio da agricultura familiar numa região com o agravante de estar localizada no semi-árido brasileiro. “No entanto, o mesmo influencia numa possível mudança no contexto macroeconômico, já que se soma à destacável matriz energética brasileira e seus percentual de combustíveis renováveis no cenário mundial”, fala Júlio.

Energia Limpa e Apropriada – De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, 43,8% da oferta de energia do Brasil são renováveis, enquanto que a taxa mundial é de 13,6% e nos países desenvolvidos, 6%. “Nosso País tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo”, lembra Paulo Teixeira, “sendo o maior percentual, 74,3%, referente à hidroenergia”.

Além de integrar as iniciativas para redução de emissão de carbono (principal gás no efeito estufa e com efetiva relação com a queima de combustíveis – uma questão que vem sendo tratada em âmbito mundial), o biodiesel é, não só uma energia renovável interessante do ponto de vista ambiental, como também mercadológico. Para o assessor técnico do ministro da Agricultura, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa há 25 anos, Elias de Freitas Júnior, que apresentou o Plano Nacional de Agroenergia do Governo Federal no Biodiesel BR, esta positividade começa pela grande produção agrícola do País, com vasta variedade de oleaginosas. “Temos várias culturas de ciclos estáveis e estudados em todas as regiões do Brasil: como a soja no centro-oeste, sul e sudeste, com um índice de 600 litros/hectares; a mamona no nordeste, que tem 95% de teor de óleo e pode ser consorciada com outras culturas; e na Amazônia, o dendê, com 22% de teor de óleo, mas uma produtividade de 4.500 litros por hectare”.

Mais uma lição do Ciclo Petróleo - Outro ponto importante nesta questão é a instabilidade, possibilidade de nova politização (como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP), e crescentes preços na commodity do petróleo. “Não se sabe a que patamares chegarão os preços do barril. Já as commodities agrícolas, observado o aumento da produtividade por causa do avanço tecnológico, tende a ter queda nos seus preços”, enfatizou Freitas, apontando que em termos de matéria-prima do biodiesel, as perspectivas e pesquisas – tanto sob o foco econômico quanto agronômico, são realmente enfáticas num quadro de sucesso.