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Com novo CEO, Bertin acerta ponteiros para a abertura de capital


Valor Econômico - 11 jul 2008 - 05:51 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Sem definir prazo para a conclusão da principal tarefa que tem a cumprir na Bertin S.A, o executivo João Pinheiro Nogueira Batista acaba de assumir o cargo de CEO da empresa. Batista, que foi vicepresidente da Suzano Holding até setembro passado, tem a incumbência de promover a abertura de capital da Bertin S.A., “aprofundar” a governança corporativa da companhia e “introduzir um modelo de gestão nova” na empresa. Em entrevista ao Valor, Batista — assumidamente um neófito em carne bovina — disse que sua tarefa é “fazer o processo [ de abertura de capital] acontecer efetivamente”. Enquanto outras empresas que atuam em carne bovina, como JBS-Friboi, Marfrig e Minerva, abriram o capital na onda de IPOs em 2007, o Bertin não o fez, o que acabou gerando a idéia de que a empresa ficou para trás por conta de uma estratégia mais tímida.

O novo CEO diz, porém, que a “timidez do Bertin pode ser vista hoje mais como vantagem do que problema” . Isso porque algumas das empresas que abriram o capital não estavam prontas para fazêlo, observa, acrescentando não se referir aos frigoríficos que foram à bolsa. Por não estarem prontas, tais companhias enfrentaram problemas com investidores, algo que a Bertin quer distância. A pretensão da empresa, diz, é ter uma “inserção tranquila” no mercado.

Mesmo o fato de o mercado viver uma fase de turbulências não é impedimento, avalia. “O mercado volta. Estando bem estruturado do ponto de vista de governança, mesmo num mercado mais restritivo, [ a Bertin] vai estar pronto para ser a melhor opção nesse processo”.

A Bertin S.A. — que atua em alimentos (carne bovina e lácteos), produtos pet, couros e higiene e limpeza — foi criada no início deste ano dentro de um processo de reestruturação societária iniciada pelo grupo Bertin em 2007. A empresa, que faturou R$ 6,4 bilhões ano passado, responde por 80% da receita do Grupo Bertin, que é controlado pela Heber Participações. A família tem outras holdings— uma de infra-estrutura e saneamento, outra de energia, uma de hotelaria e construção e uma holding que atua na distribuição de produtos de higiene e limpeza.

A abertura de capital, que vinha sendo prometida para o primeiro semestre deste ano, também acabou sendo adiada após um aporte de R$ 1 bilhão do BNDESPar na Bertin S.A., o que deu ao banco uma participação de 13,2% no capital da empresa. A injeção de recursos do BNDESPar para financiar o crescimento da Bertin S.A ainda não acabou. Faltam outros R$ 1,5 bilhão, que podem elevar a participação do banco estatal a 27,5%.

De acordo com Batista, a liberação do restante do aporte está vinculada a um programa de investimentos futuros da empresa. Ele ainda não fala, contudo, sobre quais seriam esses investimentos e quais as metas operacionais em sua gestão. Esse é um tema que começará a ser tratado junto com os acionistas.

Por enquanto, dentro do objetivo de melhorar a governança da Bertin S.A., Nogueira vai constituir o conselho de administração da empresa, que terá a participação de um representante do BNDESPar. Além disso, terá também de definir a estrutura societária da Vigor, cujo controle foi adquirido pela Bertin em setembro do ano passado. A empresa comprou 56% das ações da Goult Participações — que detém 74,69% da Vigor — e tem a opção de adquirir o restante das ações até o fim do ano.

Ao decidir contratar um profissional como CEO, o objetivo dos acionistas da Bertin era deixar o dia-a-dia da empresa e atuar mais estrategicamente, afirma Batista. Mas o executivo também terá um papel importante na estratégia da companhia. Terá, por exemplo, a tarefa de definir o foco nas futuras aquisições, tanto no Brasil como fora daqui. “Vamos examinar o que realmente interessa. Definir o foco estratégico, o que é preciso focar e o que tem de abandonar”.

Além de Batista, a Bertin também contratou como CFO (principal executivo financeiro) Ronald Seckelmann, que atuou na Klabin. Apontado como um dos responsáveis pela reorganização e pela estratégia para o mercado de capitais do grupo Suzano, Batista afirma que seu objetivo na Bertin S.A. “é agregar valor” à empresa. Assim como fez na Suzano Petroquímica, que foi vendida para a Petrobras por R$ 2,7 bilhões. “Em 2002, a ação valia R$ 1,00, quando foi vendida, valia R$ 11,00”, diz.

Em nota, Natalino Bertin, afirma, em nome dos acionistas, que “para crescer sempre tivemos a convicção de que é preciso inovar. (...) Trazemos novos olhares, de pessoas com vasta experiência adquirida em grandes empresas, na busca pelo desenvolvimento, internacionalização e aprimoramento de gestão”.

O novo CEO, que semana que vem se apresenta para os funcionários da principal unidade do grupo, em Lins (SP), afirma que trabalhar num segmento novo é um “desafio”, mas também uma “satisfação”. “Estou acostumado com a diversidade. Vou aprender, assim comoaprendi o resto”, afirma o economista de 51 anos, formado pela PUC do Rio.

Com cerca de 25.500 mil funcionários, a a Bertin S.A tem 39 unidades no Brasil e em unidades do Paraguai, Uruguai e China.