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Biodiesel

Biocombustíveis abrem oportunidades em todo o Brasil


O Estado de S. Paulo - 18 nov 2007 - 16:38 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Mais do que abrir vagas, a onda de produção de energia ecologicamente correta está criando funções, especialmente na área de produção industrial e química. “A formação básica é a mesma, mas existem especificidades novas”, explica o presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria Química, Antonio Silvan Oliveira.

A confederação está fazendo um levantamento dessas carências, por região e em todo o País, para criar programas de treinamento da mão-de-obra local em parceria com o Ministério do Trabalho. “Uma tentativa de evitar que um grupo social fique isolado pelo impacto das novas tecnologias”, explica.

NOVAS VAGAS
Além das novas funções, o apelo dos biocombustíveis provoca uma acelerada e gigantesca ampliação do mercado de trabalho para químicos, que encontram postos no setor de recepção de matéria-prima, na sua preparação e processamento e na área de entrega do produto final.

Segundo o professor Francisco Alves, do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos, até 2010 serão abertas 69 novas usinas de álcool. “As novas vagas surgem em todo o processo, desde a cultura da cana, até para pessoal altamente especializado ou com um tipo de formação que não existe.” O professor explica que as empresas estão assumindo o treinamento. “O problema é que isso gera um ônus a mais.” Oliveira cita como exemplo a Dedini, que está treinando funcionários para assumirem postos na sua nova usina de biodiesel.

O portal BiodieselBR.com, criado pelo administrador de empresas Univaldo Vedana para reunir e disseminar informações do setor, fez um levantamento do número de usinas de biodiesel existentes no País, em projeto, produzindo, paradas ou planta piloto. Encontrou 151 unidades cadastradas, sendo 38 em produção, o que representa uma capacidade de 1,671 bilhão de litros por ano.

As demais usinas, em diferentes fases de implantação, quando entrarem em operação devem triplicar esse número, elevando a capacidade para 3,919 bilhões. (veja mapa aqui).

A maior parte dessa nova produção (40,54%) virá da região Centro Oeste, onde estão as grandes plantações de soja e, portanto, as melhores oportunidades de emprego. “A soja é, por enquanto, a matéria-prima principal”, diz. Hoje, a produção do Centro Oeste, de 533 milhões de litros por ano, representa apenas 25,98% do total, seguida de perto pela do Sudeste (23,27%) e Sul (22,17%).

Entre os Estados onde haverá maior crescimento, estão Mato Grosso, que irá sair dos atuais 323,5 milhões l/ano, para 753,1 milhões l/ano; e Paraná (de 93 milhões l/ano para 555,5 milhões l/ano). Vedana estima que uma usina de pequeno porte, com um engenheiro ou técnico em química e um ajudante, consegue produzir de 6 mil a 15 mil litros de biodiesel por dia, dependendo dos equipamentos disponíveis. Com base nessa estimativa, as novas usinas poderão abrir, pelo menos, de 820 a 2.052 vagas.

SOB PRESSÃO
O mercado de trabalho dos químicos não está pressionado apenas pelo biocombustível. Eles são necessários também na indústria farmacêutica, automobilística em duas áreas (na pintura e de plásticos injetáveis), e na indústria do papel. Todos setores em expansão.

Oliveira diz que essa pressão provocou um aumento no valor dos salários pagos no mercado, em média de 15%. Vedana diz que salário médio de um engenheiro químico vai de R$ 8 mil a R$ 15 mil mensais, dependendo da região. Oliveira ressalta a necessidade de garantir melhores condições de trabalho, mais do que aumento nos rendimentos.

A necessidade de identificar as novas demandas surgiu durante seminário realizado em setembro pela confederação, para discutir questões relacionadas ao novo mercado. “Além da capacitação de mão-de-obra, que é urgente, nosso desafio é garantir ambiente seguro para os trabalhadores na indústria química, considerada de alto risco”, diz.

O levantamento deve ficar pronto até o final de janeiro. A previsão é de que os treinamentos comecem ainda no primeiro trimestre de 2008.

Lilian Primi