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Negócio

Trafigura alerta que petróleo pode disparar em mercado ‘frágil’


Bloomberg - 05 set 2023 - 10:57

A Trafigura, uma das maiores tradings de commodities do mundo, alerta que os preços do petróleo correm o risco de disparar em um mercado global cada vez mais espremido por juros altos e falta de investimento em produção.

Embora o consenso dos analistas seja que os preços permaneçam próximos dos níveis atuais, o mercado está “mais frágil do que parece”, disse Ben Luckock, co-chefe de comercialização de petróleo da Trafigura, em entrevista em Singapura.

O barril de Brent já saltou quase 20% em dois meses e é negociado perto de US$ 90, diante da redução agressiva de produção dos pesos pesados da Opep+, Arábia Saudita e Rússia. Mas Luckock também aponta para a falta de capacidade nova.

“Uma das razões é o subinvestimento em produção nova”, disse nesta segunda-feira. “Com juros mais elevados, que tornam mais caro manter o petróleo armazenado, isso significa que não há muita folga ou flexibilidade no sistema. Somando tudo, você terá um mercado suscetível a disparadas de preços.”

Os operadores de opções de petróleo sinalizam confiança na recente alta de preços, reforçando apostas de que o petróleo irá atingir US$ 100 o barril, mesmo que ainda restem dúvidas sobre as perspectivas na China.

Os cortes da Opep+ foram bem-sucedidos, disse Russell Hardy, CEO da Vitol, outra gigante do comércio global de petróleo. A Rússia acordou novas restrições com seus aliados do grupo, disse o vice-primeiro-ministro Alexander Novak na semana passada. Traders e analistas também esperam que a Arábia Saudita estenda seu corte de produção em outubro.

“A Opep+ será guiada pelo preço”, disse Luckock. “Acho que eles diminuirão gradualmente até o final do ano.”

Além disso, condições climáticas adversas em todo o mundo, especialmente as temperaturas mais altas, tiveram um impacto importante na atividade das refinarias, disse Luckock. Ele citou exemplos na Itália e nos EUA, com interrupções que tiveram efeito cascata na oferta e no preço de combustíveis em todo o mundo.

“As condições climáticas extremas que vimos este ano são realmente um grande problema”, disse. “O calor criou enormes problemas para as refinarias na Europa e nos EUA, com interrupções e problemas que são mais difíceis de resolver.”

Serene Cheong e Sharon Cho – Bloomberg