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Preço do barril de petróleo deve manter ritmo de alta


Valor Econômico - 01 nov 2021 - 09:07

Os contratos futuros do barril de petróleo registraram forte alta em outubro, reflexo do avanço do consumo de combustíveis, em meio ao avanço da vacinação contra a covid-19 e ao relaxamento das restrições à mobilidade no mundo. Analistas apontam que o cenário deve se manter nos próximos meses e afirmam que há possibilidade de o barril atingir patamares ainda mais elevados em 2022.

O contrato do petróleo tipo Brent encerrou outubro cotado a US$ 83,72 por barril, alta de 120,66% em relação ao final de outubro de 2020, quando fechou em US$ 37,94 por barril. Na média do mês, os preços ficaram em US$ 83,03 por barril, aumento de 97,98% na comparação com igual mês no ano passado.

Um dos fatores que tem ajudado a manter os preços em níveis altos é a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de continuar com restrições à produção, ao mesmo tempo em que a demanda por petróleo e derivados cresce, principalmente em países desenvolvidos.

A Opep+ concordou, em abril do ano passado, com um corte de cerca de 10 milhões de barris por dia na produção, em reação ao choque de preços desencadeado pelo colapso no consumo gerado pela pandemia. Os cortes, no entanto, estão sendo relaxados gradualmente, mesmo com os sinais de recuperação da demanda.

Nas últimas semanas, o aumento do consumo de gasolina e diesel nos Estados Unidos levou a uma queda nos estoques do país. Em paralelo, a produção interna de petróleo e gás do país está se recuperando devagar, devido à redução de investimentos e às dificuldades para contratações de funcionários e equipamentos, aponta o analista sênior da Bloomberg Intelligence para o setor, Fernando Valle.

Para os dois últimos meses de 2021, analistas acreditam que a chegada do inverno ao Hemisfério Norte e o fim das restrições para viajantes vacinados nos Estados Unidos e na Europa devem ajudar a manter os preços do barril em níveis altos. Valle diz que o barril pode seguir a trajetória de alta também em 2022, caso o consumo continue a crescer.

“Os investimentos no setor estão muito aquém do necessário para suprir a recuperação na demanda global e a queda natural da produção nos campos de petróleo. Os incentivos a energias renováveis ainda não são suficientes para substituir o petróleo e o gás. Se a demanda continuar sua expansão recente, é possível ver o Brent acima dos US$ 100 por barril”, afirma.

Para o gerente de análise de produção da consultoria S&P Global Platts, Ashutosh Singh, o barril deve se manter na casa dos US$ 80 até o final de 2021.

Ele acredita que os estoques de petróleo globais vão se estabilizar nos próximos meses, mas diz que devem voltar a cair novamente no segundo semestre de 2022, o que deve levar a novas altas nos preços.

Segundo Sing, os principais fatores que vão influenciar os preços em 2022 continuarão a ser a capacidade de retomada na produção dos EUA e da Opep +, além do progresso do acordo nuclear dos EUA com o Irã, que pode levar a um aumento na exportação iraniana.

O chefe de análise global de petróleo da Platts, Richard Joswick, prevê que o Brent pode cair para a casa dos US$ 70 nos próximos seis meses, mas acredita que as cotações vão subir novamente no segundo semestre de 2022.

Gabriela Ruddy – Valor Econômico