Plano do governo antevê salto nos investimentos em biodiesel
O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu nesta segunda-feira (24) consulta pública para a nova versão do Plano Decenal de Expansão de Energia 2021 (PDE 2021). Segundo o documento elaborado pela Empresa de Pesquisa de Pesquisa Energética (EPE), os investimentos no segmento de biocombustíveis durante a próxima década serão de R$ 79 bilhões – 18,5% a menos que os R$ 97 bilhões previstos na versão do documento publicada ano passado.
Essa redução vai na contramão daquilo que a EPE espera para o restante da indústria de produção e distribuição de energia. Em termos gerais, os investimentos previstos aumentaram em quase R$ 80 milhões – indo de R$ 1,01 trilhão para R$ 1,09 tri.
Biodiesel
A queda, entretanto, está concentrada na indústria de etanol; a previsão de investimentos na produção de biodiesel subiu do ano passado para cá. Segundo o PDE 2020, a indústria movimentaria R$ 600 milhões enquanto na versão atualizada a expectativa é de R$ 1 bilhão em novos investimentos na área.
Cenário de manutenção
O principal motivo dos números serem tão pouco expressivos está no fato da EPE ter trabalhado com um cenário de manutenção do B5 até 2021. Essa situação parece bem pouco provável, uma vez que já é publico que o governo federal está trabalhando num novo marco regulatório que deverá aumentar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel mineral para até 10% em 2020.
No ano passado, a edição deste plano foi alvo de críticas em relação ao biodiesel por desconsiderar investimentos já anunciados no setor.
Apesar disso, a demanda brasileira por biodiesel manteria um ritmo vigoroso de crescimento puxado pelo aumento do consumo de óleo diesel no país que deverá chegar a 71,5 bilhões de litros até o final do período. Nas contas da EPE, o consumo de biodiesel sairia de pouco menos de 2,8 bilhões de litros em 2012 para mais de 4,07 bilhões em 2021. Um aumento de 47% em 10 anos.
Se realmente tivermos B10 a partir de 2020, a produção precisaria quase triplicar, com a demanda ao atingindo 7,1 bilhão de litros de biodiesel.
Maior entrave
Para o PDE 2021, o principal entrave ao crescimento do setor é a falta de diversificação na oferta de matérias-primas. O óleo de soja continuará sendo a principal fonte da indústria de biodiesel pelos próximos 10 anos. O texto ressalta que os esforços governamentais para a diversificação do mix deverão começar a surtir efeito até o final do decênio, especialmente com os primeiros resultados do programa governamental de incentivo à palma de óleo.
PDE 2021 (arquivo PDF)
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com