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Negócio

Petrobras quer competição por refinaria


Valor Econômico - 01 jul 2019 - 09:09

A Petrobras abriu o leque de potenciais compradores para suas oito refinarias colocadas à venda e que respondem por 50% do parque de refino da companhia. De acordo com os "teasers" (alertas de venda) das quatro refinarias que compõem a primeira etapa do plano de desinvestimentos em refino, lançados na sexta-feira, poderão participar do processo tanto empresas do setor petrolífero, incluindo tradings, quanto investidores financeiros.

A medida é uma característica da nova modelagem de venda de refinarias controladas pela estatal, considerada mais ousada e ambiciosa que a versão anterior, divulgada no ano passado, ainda na gestão de Pedro Parente, e que não chegou a sair do papel.

No novo plano de desinvestimentos em refino, além de possibilitar a participação de tradings, o que não era permitido na versão anterior, prevê agora a venda integral das oito refinarias. O plano anterior previa apenas a venda de 60% de quatro refinarias, em dois grupos, um na região Nordeste e outro no Sul.

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Segundo o diretor de Relação Institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, a abertura do mercado de refino vai gerar mais eficiência à companhia. "Não tem sentido econômico manter essa estrutura tão robusta no refino", afirmou o executivo, que participou de evento promovido pela FGV, na sexta-feira.

O diretor disse que a Petrobras trabalha para vender ativos de refino ainda neste ano, mas que tudo dependerá do ritmo dos processos de desinvestimento. As refinarias serão vendidas separadamente. A transferência do monopólio para o setor privado, "seria inadmissível", acrescentou.

Na última semana, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que pretende realizar a venda de pelo menos uma refinaria ainda neste ano.

Para o ex-ministro de Minas e Energia e atualmente deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), o plano de desinvestimento em refino da Petrobras não deve atrair o interesse de grandes petroleiras internacionais. Na opinião dele, os principais interessados no negócio serão distribuidoras de combustíveis e operadores de refino.

"Não serão as petroleiras que vão comprar [as refinarias]. Tenho conversado com todas as grandes [petroleiras]. Todo mundo tem capacidade ociosa de refino no mundo. E todo mundo tem medo da política de preços [dos combustíveis] do Brasil", disse Coelho Filho.

Segundo ele, a atual política de preços da Petrobras está aderente ao mercado, mas não há garantias de que esse cenário permaneça daqui a quatro ou oito anos.

Outro ponto destacado pelo deputado é que, para a venda ser bem-sucedida, a Petrobras tem que entender que o comprador pode ter uma percepção de valor sobre o ativo menor que o estimado pela estatal. Segundo ele, a maioria das refinarias da companhia é antiga. "Se [a Petrobras] tiver condição de admitir que [a refinaria] tem um valor para a Petrobras e outro completamente diferente para outro 'player', acho que existe condição de [a venda] acontecer", completou.

Na primeira fase do programa, a Petrobras ofertará as seguintes refinarias: Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco; Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; e Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. A etapa seguinte, cujos "teasers" deverão ser divulgados ainda neste ano, incluirá as seguintes refinarias: Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Isaac Sabbá (Reman); Unidade de Industrialização de Xisto (SIX), no Paraná; e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), no Ceará.

Podem participar do processo empresas do setor de óleo e gás, com receita anual, em 2018, acima de US$ 3 bilhões, e que possuem e operem ativos de produção, refino, transporte, logística, comércio, trading ou distribuição de petróleo e/ou seus derivados. Também podem participar investidores financeiros ou grupos econômicos com pelos menos US$ 1 bilhão em ativos sob gestão ou controle.

Os interessados terão até 16 de agosto para manifestar o interesse e receber os documentos necessários: o acordo de confidencialidade e a declaração de conformidade. Em 15 de julho, está previsto o início da distribuição do chamado "confidential information memorandum". O prazo para executar os acordos e acessar o "memorandum" é 27 de setembro.

A estatal contratou o Citi para a assessoria financeira do processo.

Rodrigo Polito e André Ramalho – Valor Econômico {/viewonly}