Petrobras aumenta gasolina em 5,2% e diesel em 14,2%
Após resistir a pressão do governo, a Petrobras anunciou nesta sexta-feira (17) reajustes de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no preço do diesel, alegando que o mercado de petróleo passou por mudança estrutural e que é necessário buscar convergência com os preços internacionais.
Após 99 dias sem aumentos, o preço médio da gasolina nas refinarias da estatal passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Já o preço do diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu há 39 dias.
Apenas em 2022, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras acumula alta de 68%, enquanto o IPCA, índice oficial de inflação, variou 4,7%. A alta acumulada da gasolina nas refinarias é de 31%.
O governo tentou durante dias suspender reajustes e, na quinta (16), o tema chegou a ser debatido pelo conselho de administração da companhia a pedido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. O colegiado, porém reforçou que a definição de preços é atribuição da diretoria.
O pedido foi uma última cartada do governo para tentar evitar repasses em meio ao esforço para aprovar um pacote de medidas para reduzir os preços, que, segundo o presidente Jair Bolsonaro (PL), poderia garantir desconto de R$ 2 por litro na gasolina e de R$ 1 por litro no diesel.
Na quarta (15), o Congresso concluiu a votação de projeto de lei que estabelece um teto para alíquotas do ICMS sobre os combustíveis, que pode reduzir o preço médio da gasolina em R$ 0,657 por litro, segundo projeção do consultor Dietmar Schupp.
Na semana que vem, o Congresso debate a chamada PEC dos combustíveis, que autoriza o governo a zerar impostos federais sobre a gasolina e compensar estados que se dispuseram a reduzir o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.
Logo após a reunião do conselho, a Petrobras entrou foi alvo de ataques de Nogueira e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Nicola Pamplona – Folha de S.Paulo