Explosão na Replan: após 2 meses, retomada total de produção tem prazo incerto, diz Petrobras
A Petrobras confirmou nesta segunda-feira (22) que o prazo para a retomada integral da produção integral na Refinaria de Paulínia (Replan) segue incerto, em virtude de danos provocados pela explosão seguida de incêndio há dois meses. Além disso, destacou que houve a entrega de um relatório do caso para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que investiga as causas. Desde 6 de setembro são mantidas 50% das operações em áreas não afetadas.
"Está em andamento o levantamento dos danos materiais decorrentes do acidente, necessários para se estimar o valor do investimento previsto para a recuperação das unidades impactadas, portanto, ainda não há previsão de retomada de 100% das operações", diz texto da Petrobras.
A ANP, em nota, confirmou o recebimento do documento, mas alegou que só poderá se pronunciar sobre as causas após fim das apurações. O prazo para isso, entretanto, não é mencionado. No dia do incidente foram atingidas duas unidades da Replan – uma craqueamento e uma de destilação.
No fim de setembro, o Ministério do Trabalho confirmou que auditores fiscais constataram irregularidades, entre elas, "ausência de inspeções, conforme padrões normativos, em equipamentos elétricos instalados em áreas potencialmente explosivas". A petrolífera, entretanto, informou à época que faria uma análise para responder aos itens apontados pela pasta.
Para o sindicato que representa os funcionários, a sobrecarga de trabalho decorrente de um plano de demissão voluntária (PDV)pode estar entre os fatores que resultaram no incidente.
A Petrobras, contudo, defende "compromisso com a segurança da força de trabalho, operações e instalações", e que adota "padrões da indústria mundial de petróleo".
O que já se sabe
- A refinaria possui dois trens de produção que têm a mesma estrutura, e cada um responde por 50% das operações. O acidente foi em um deles, e afetou craqueamento e destilação;
- A Cetesb multou a Refinaria de Paulínia em R$ 192,7 mil por causa da emissão de poluentes na atmosfera e na água do Rio Atibaia;
- Para compensar a parada da produção na Replan, a Petrobras confirmou importações de diesel e querosene de aviação;
- A ANP deu aval para a Petrobras vender gasolina e diesel sem seguir padrões de cor e temperatura;
- O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizou uma fiscalização na área afetada pela explosão para verificar as condições de saúde e segurança em 3 de setembro. Um balanço já divulgado no fim de setembro indica "ausência de inspeções, conforme padrões normativos, em equipamentos elétricos instalados em áreas potencialmente explosivas",
- O Ministério Público (MP) investiga se houve danos ambientais em Paulínia;
- O Ministério Público do Trabalho (MPT) inclui apurações sobre o incidente no procedimento aberto inicialmente para analisar desdobramentos de uma "pane" registrada em 2017
O que falta esclarecer ou não foi divulgado
- As causas do incidente na refinaria;
- O prejuízo financeiro provocado pela explosão seguida de incêndio;
- Qual o custo dos reparos necessários e prazo para que sejam concluídos;
- Quando a Replan retomará 100% das produção;
- Qual o investimento nas importações de diesel e querosene de aviação;
- Resultados de análises do MTE e MPT, além das apurações do MP;
- Conclusão das investigações realizadas pela ANP;
Em plena capacidade, a Replan produz em torno de 415 mil barris de derivados em planta que ocupa 9,1 km². Ela atende mercados do interior de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre, Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro, Goiás, Tocantins e Brasília.