PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Negócio

A economia verde vem para ficar


O Estado de S. Paulo - 13 jun 2012 - 13:15 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
economia-verde440
O desafio global da sustentabilidade é uma realidade que vem sendo progressivamente incorporada às estratégias do setor privado e ganhará novo capítulo neste mês de junho, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20.

Sobre um enorme mosaico de expectativas, interesses e dificuldades de conciliação de opiniões, a Conferência deverá ser o mais importante evento político internacional desta década a tratar, em conjunto, de temas das esferas ambiental, social e econômica, bem como determinar os elementos a serem incorporados na chamada economia verde e os compromissos a eles associados por parte das instituições públicas e privadas.

Diferentemente de 20 anos atrás, na Rio92, a participação do setor empresarial nos desdobramentos da Rio+20 será essencial. Parcerias entre governo, setor privado e sociedade civil poderão de fato criar um ambiente regulatório que incentive o uso eficiente de recursos naturais, a economia de baixo carbono e ações socialmente inclusivas.

Nesse sentido, a indústria de transporte aéreo, fundamental para a integração e desenvolvimento econômico globais (em 2011 foram 2,8 bilhões de passageiros transportados), embora seja responsável por apenas 2% das emissões de CO2 no mundo, está adotando iniciativas concretas para responder ao desafio ambiental. Em 2008, foi o primeiro setor industrial a publicamente definir metas específicas para a redução de emissões, sendo a principal a redução de 50% das emissões até 2050, tendo como ano-base 2005.

Três estratégias principais contribuirão para esse resultado: eficiência operacional dos aviões e seus motores, melhorias de infraestrutura aeroportuária e aeroviária e o desenvolvimento e adoção gradual de biocombustíveis.

A abordagem que predominará é a do ciclo de vida, consoante às diretrizes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que busca a redução de impactos ambientais já na concepção do produto. Consideram-se aí todas as fases, desde a seleção de materiais, produção, utilização e fim de vida do produto.

Durante a Rio+20, assistiremos ao primeiro resultado de uma parceria inédita, na qual quatro companhias se uniram para fazer voar o primeiro jato no mundo movido a bioquerosene derivado de cana-de-açúcar: um Embraer 195, operado pela Azul Linhas Aéreas, equipado com turbinas GE e utilizando biocombustível produzido no Brasil pela Amyris.

O desafio da adoção gradual e crescente de bioquerosene, entretanto, vai além da viabilização técnica e operacional de seu uso em aeronaves comerciais. Há, ainda, um longo caminho de avaliação da possibilidade de produção em escala a custos competitivos, além das garantias de uma efetiva redução das emissões, quando considerada toda a cadeia, e do não prejuízo à produção de alimentos e de outros recursos essenciais, como a água.

Na Rio+20 espera-se que governos, empresas e sociedade em geral reiterem o entendimento e o compromisso de que o crescimento econômico precisa se dar em bases diferentes das atuais, com as questões ambientais e sociais assumindo papéis centrais. Um processo de crescimento sustentável passa mandatoriamente pela reversão da tendência de degradação ambiental, pela ética, pela acelerada redução das disparidades sociais regionais, nacionais e mundiais, pela preservação dos recursos naturais ainda disponíveis no planeta e, acima de tudo, pela erradicação da fome e da miséria que ainda afligem bilhões de pessoas.

Será talvez, no pouco tempo que nos resta antes de 2015, uma última oportunidade de priorizar e acelerar a busca dos resultados estabelecidos nas Metas do Milênio, assumidos há 12 anos e, infelizmente, ainda distantes da realidade da humanidade.

Frederico F. Curado