Defasagem do preço do diesel passa de 10%, diz CBIE
A Petrobras fez hoje um reajuste de 8% no preço da gasolina, mas curiosamente não aumentou o preço do diesel. Há risco de uma greve dos caminhoneiros no início do mês que vem, e parece que a estatal não quis ser responsabilizada por um evento que afetaria a economia e a popularidade do presidente Jair Bolsonaro.
Pelas contas do consultor Adriano Pires, do CBIE, a defasagem do preço do diesel no Brasil em relação ao praticado internacionalmente está entre 10% e 13%. Ou seja, a estatal estaria vendendo mais barato do que o seu custo de produção e importação, com prejuízo no negócio.
“O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, diz que não vai cair no erro do Pedro Parente, de fazer reajustes diários. Mas o fato é que uma defasagem de 13% é alta e ele parece estar com dificuldade para diminuir isso. Hoje, por exemplo, reajustou a gasolina, mas não mexeu no diesel”, explicou Pires.
Segundo o consultor, esse "fantasma" da defasagem deve acompanhar a estatal ao longo de todo o ano. O CBIE estima que o preço do petróleo vai aumentar ao longo de 2021, com os estímulos do governo Biden para reativar a economia e o avanço das campanhas e vacinação. Por outro lado, com a proximidade das eleições de 2022, ele avalia que há o risco de o presidente Bolsonaro voltar a ser o "Bolsonaro" raiz, com maior interferência sobre a economia e dando menos autonomia para a política de preços da estatal.
O aumento da gasolina hoje chegou a R$ 0,15. O dólar fechou em R$ 5,27,o que significa uma forte queda em relação ao pico do ano passado, de R$ 5,93, em maio. Mas, em compensação, o petróleo aumentou 30% desde julho, explicou Adriano Pires.