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Negócio

Covid-19 na China derruba preços do minério e petróleo


Valor Econômico - 26 abr 2022 - 09:24

O avanço da covid-19 na China e o receio de que a pandemia leve à adoção de novos lockdowns, agora também em Pequim, derrubaram os preços das principais commodities nesta segunda-feira. As perdas mais significativas ficaram com o minério de ferro, que segue pressionado pelos sinais reiterados de que a maior produtora mundial de aço bruto vai controlar o ritmo de operação das siderúrgicas.

Segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, o minério com teor de 62% caiu 9,8% no norte da China, para US$ 135,75 por tonelada, o menor preço desde 15 de março. Com esse desempenho, as perdas da commodity no mercado transoceânico em abril já superaram 14%. No ano, os ganhos foram reduzidos a 14,1%.

Na Bolsa de Commodity de Dalian (DCE), os contratos mais negociados, para setembro, encerraram a sessão com baixa de 10,7%, a 794,50 yuan por tonelada.

De acordo com a Bloomberg, um diretor do Ministério do Meio Ambiente chinês, Li Gao, afirmou durante conferência em Pequim, no sábado, que o país precisa impor “controles razoáveis” à produção de aço, com vistas ao cumprimento de metas ambientais.

Segundo a consultoria Mysteel, a produção diária de aço bruto entre as usinas que integram a Cisa (China Iron & Steel Association) cresceu em meados deste mês, mas ainda assim permanece abaixo do registrado em 2021, refletindo o acesso limitado às matérias-primas por parte de algumas siderúrgicas e a demanda doméstica desaquecida.

Entre 11 e 20 de abril, segundo a Mysteel, a produção diária chinesa de aço bruto subiu 0,5%, a 11,6 mil toneladas, frente aos dez dias anteriores. Na comparação anual, a queda é de 3,8%.

Na semana passada, a World Steel Association (Worldsteel) mostrou que a China segue desacelerando a produção siderúrgica. Em março, o país produziu 88,3 milhões de toneladas de aço bruto, com queda de 6,4% na comparação a anual. No trimestre, a baixa acumulada chega a 10,5%.

O petróleo, por sua vez, reagiu em queda aos temores de que o surto na China reduza mais a demanda. Segundo a Bloomberg, o aumento dos casos de covid-19 em Pequim e o número recorde de mortes em Xangai no fim de semana alimentaram receios de que um lockdown sem precedentes possa ser adotado na capital chinesa.

“A principal história do petróleo continua sendo a China”, disse à Bloomberg o fundador da consultoria Oilytics, Keshav Lohiya. “O impacto na demanda doméstica será significativo se Pequim seguir os passos de Xangai”, afirmou.

Enquanto os contratos do Brent para julho recuaram 3,76%, a US$ 102,16 o barril, na ICE, em Londres, o WTI caiu 3,46%, para US$ 98, 54 o barril na Bolsa de Mercadorias da Nova York (Nymex) - no meio da sessão, os contratos da commodity para junho chegaram a perder mais de 6%.

Nesse cenário, segue a Bloomberg, o principal importador de petróleo do mundo caminha para o pior choque de demanda desde o início da pandemia, agravando o ambiente de volatilidade instaurado após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“O mercado se prepara para oferta adicional, o que aumenta os sinais de baixa. Espera-se que a Líbia retome a produção em campos fechados nos próximos dias, enquanto o terminal de petróleo CPC na costa russa do Mar Negro retomou as operações regulares após reparos”, informou a agência de notícias.

Stella Fontes – Valor Econômico