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Negócio

O biodiesel no Brasil poderia movimentar R$ 28 bilhões até 2020?


BiodieselBR.com - 13 ago 2012 - 12:16
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No dia 02 de agosto a União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e a Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) reuniram-se em São Paulo para homenagear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a ocasião, as associações distribuíram entre os jornalistas presentes um press release afirmando que o setor de biodiesel poderá movimentar R$ 28 bilhões em investimentos até 2020, um número tão portentoso que rendeu manchetes mundo afora.

O documento não esclarece, entretanto, como foi que as duas associações chegaram a esse montante. Mas, logo de cara já é possível perceber algo inusitado. Para chegar nos tais R$ 28 bilhões, o release baseia suas premissas na expectativa de que cheguemos ao B10 até 2014 e ao B20 em 2020. Este é um velho pleito das usinas.

A primeira vez que o setor apresentou publicamente esses números foi em outubro de 2010 no lançamento do estudo “O biodiesel e sua contribuição para o desenvolvimento brasileiro”. Elaborado pela FGV Projetos por encomenda da Ubrabio, até hoje os usineiros o carregam de baixo do braço e trazem sua argumentação na ponta da língua.

Foi de lá que a chamativa projeção saiu. Em sua página 30, os autores do estudo estimaram que a circulação monetária em investimentos relacionados ao biodiesel somaria a vultosa cifra de R$ 28 bilhões até 2020. Só que, dessa dinheirama toda, apenas R$ 7,36 bilhões iriam para a expansão industrial propriamente dita. Este seria o valor necessário para que as usinas deem conta de atender a demanda prevista de 14,3 bilhões de litros de biodiesel anuais, caso venha mesmo o B20 em 2020. 

O estudo é inesperadamente vago a respeito do destino a ser dado aos outros 20,64 bilhões. Pode-se presumir que seu destino seja a parte agrícola da operação. Em outro trecho o estudo calcula que a demanda por biodiesel levaria a investimentos da ordem de R$ 15 bilhões na ampliação de oleaginosas alternativas à soja.

Água fria
Alheio aos números grandiloquentes da indústria, o governo federal já deu sinais firmes de que não vê espaço para irmos tão rápido, em função, principalmente, dos impactos que essa demanda adicional de biocombustível poderia resultar na oferta de soja. 

Em março passado, o coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel (CEIB), Rodrigo Rodrigues, disse à BiodieselBR que a proposta do novo marco regulatório prevê que chegaremos em 2020 com, no máximo, 10% de biodiesel no óleo diesel. “Entendemos que, num horizonte de curto prazo, não existem condições de chegar ao B20 sem comprometer a segurança do mercado. O que é possível fazer é 10%”, disse ele na ocasião. 

Fábio Rodrigues