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2ª e 3ª geração

Tecnologias de biocombustíveis e biorrefinarias são abordadas em workshop


Agência Fapesp - 23 ago 2012 - 10:04 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Um workshop realizado nos dias 20 e 21 de agosto reuniu, em São Paulo, pesquisadores e estudantes de duas das cinco divisões do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN): “Tecnologias de Biocombustíveis” e “Biorrefinarias”. Foram feitas 27 apresentações, a maioria focada em etanol de segunda geração, mas também foram apresentados resultados de projeto que buscam a obtenção de biocombustíveis a partir de óleos vegetais e propõem usar os resíduos do processo para fabricar produtos químicos de alto valor agregado, como glicerol.

“O objetivo foi divulgar os avanços em cada um dos projetos com o intuito de promover maior interação entre os grupos e identificar áreas que necessitam de mais investimento em pesquisa”, contou Rubens Maciel Filho, professor titular da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação do BIOEN-Fapesp.

Em sua apresentação, Maciel compartilho resultados de um Projeto Temático coordenado por ele que visa produzir etanol e outros produtos com aproveitamento total dos resíduos gerados na usina.

“Pouca atenção tem sido dada à vinhaça e ao dióxido de carbono (CO2) que sobram após a fermentação do caldo de cana para a produção do etanol de primeira geração. São resíduos já disponíveis hoje na indústria e podem ser mais bem aproveitados”, afirmou.

Para cada litro de etanol produzido, segundo o pesquisador, são gerados entre 10 e 11 litros de vinhaça, que atualmente são descartados no solo como adubo. Uma das propostas estudadas é a transformação desse resíduo em biogás.

“Para isso, a vinhaça é enriquecida com parte do material hidrolisado obtido na produção do etanol de segunda geração e, em seguida, passa por um novo processo de fermentação. O gás metano resultante pode ser vendido ou usado na própria usina como fonte de energia”, explicou Maciel.

No caso do CO2 liberado durante a fermentação da cana, uma das possibilidades estudadas é o uso do resíduo para alimentar microalgas que, por sua vez, serviriam de biomassa para a produção de biodiesel e etanol de terceira geração. “Cada litro de etanol produzido emite o equivalente em CO2. Hoje, isso é liberado na atmosfera e, conceitualmente, é reabsorvido pela cana. Mas podemos fazer um uso mais integrado ao processo de produção. Há muito CO2 na atmosfera para a cana absorver”, disse Maciel.

O uso de microalgas no sequestro do CO2 atmosférico também foi tema da apresentação de Ana Teresa Lombardi, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que coordena um projeto financiado pela FAPESP e pela Braskem por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE).

Já Andreas Karoly Gombert, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), apresentou resultados de uma pesquisa realizada em parceria com grupos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Delft University of Technology, da Holanda, que conseguiu aumentar em 11% o rendimento da produção de etanol de primeira geração com o uso de uma levedura geneticamente modificada na fermentação da cana.

Também estiveram em evidência durante o workshop diversos métodos de pré-tratamento do bagaço da cana, que têm como objetivo tornar essa biomassa viável para ser fermentada e transformada em etanol. “Já está na hora de selecionar um ou dois processos de pré-tratamento considerados adequados e definir como eles devem ser escalonados”, avaliou Maciel.

Integração
O workshop integra uma sequência que vem sendo realizada pelo Programa BIOEN-Fapesp ao longo de 2012. Em abril, estiveram reunidos pesquisadores da divisão de “Impactos e Sustentabilidade”. Em julho, foi a vez da divisão de "Biomassa para Bioenergia".

Segundo Glaucia Mendes Souza, da coordenação do BIOEN-Fapesp, deve ocorrer em outubro o workshop da divisão de "Aplicações do Etanol para Motores Automotivos: motores de combustão interna e células a combustível".

“O programa cresceu tanto que este ano resolvemos fazer workshops separados por áreas. Mas todas as divisões estarão reunidas em novembro, em um evento aberto que vai divulgar os resultados das pesquisas feitas até o momento”, contou.

A partir de 2013, serão feitas reuniões de trabalho com temas mais específicos para consolidar o conhecimento gerado pelos projetos. “Vamos reunir, por exemplo, os vários grupos que pesquisam métodos de pré-tratamento do bagaço da cana e avaliar qual é o melhor em relação ao uso da água, da energia, dos rejeitos. Qual é o melhor do ponto de vista do custo e da sustentabilidade. E também identificar se já existe algo pronto para ser transferido ao setor produtivo”, explicou Souza.

Karina Toledo