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Diesel renovável

Etanol e diesel renovável lideram expansão de biocombustíveis nos próximos cinco anos


EPBR - 03 dez 2021 - 09:53

A demanda global por biocombustíveis deve crescer 41 bilhões de litros, ou 28%, entre 2021-2026, com etanol e diesel renovável (também conhecido como óleo vegetal hidrogenado – HVO) liderando o avanço, mostra cenário da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês).

Um quinto desse aumento virá da recuperação da demanda para os níveis pré-Covid-19, enquanto a maior parte da expansão será impulsionada por políticas governamentais, demanda geral de combustível para transporte e custo do carbono.

De acordo com o levantamento divulgado na quarta (1º), a demanda por diesel renovável quase triplica entre 2020 e 2026, principalmente graças às políticas dos Estados Unidos e da Europa, e deve chegar a quase 15 bilhões de litros/ano.

“Em ambas as regiões, o diesel renovável compete bem em um ambiente político que valoriza as reduções de GEE e impõe limites a algumas matérias-primas para biocombustíveis, pois pode ser produzido com baixa intensidade de GEE usando resíduos. Ele tem outro benefício, pois pode ser misturado em níveis mais elevados do que o biodiesel”, diz.

Já a demanda por etanol ainda supera a de HVO em volume absoluto — os esforços da Índia para atingir 20% de mistura até 2025 devem apoiar o crescimento global, e colocar o país como terceiro maior mercado de etanol em todo o mundo, atrás dos Estados Unidos e do Brasil.

Também na Ásia, o consumo de biodiesel permanece robusto, puxado pelo mandato da Indonésia de mistura de 40% no ano que vem.

Na América Latina, as políticas de biocombustíveis do Brasil, combinadas com a crescente demanda por gasolina e diesel, aumentam o uso de biocombustíveis, mas a agência alerta que os fatores que influenciam a demanda de combustíveis renováveis estão sujeitos a incertezas.

“Por exemplo, alguns governos responderam ao alto preço atual da matéria-prima relaxando ou atrasando as regras de mistura de biocombustíveis, com o efeito de reduzir a demanda”.

O Brasil é um desses exemplos: CNPE reduz mistura de biodiesel para 10% em 2022

Argentina e Paraguai também reduziram o percentual de mistura. Uruguai extinguiu a adição de biodiesel no diesel a partir de janeiro de 2022.

Demanda precisa dobrar. Mesmo com o cenário de avanço, o uso de renováveis precisa crescer mais rapidamente para se alinhar com o cenário IEA Net Zero até 2050.

Para isso, a agência indica a necessidade de implementação pelos países das políticas planejadas e fortalecimento delas antes de 2026.

Além disso, elas devem incentivar as reduções de GEE, não simplesmente a demanda de biocombustíveis, “de modo que cada litro de biocombustíveis usado reduza as emissões em relação aos combustíveis fósseis tanto quanto possível” — é o que propõe o RenovaBio no Brasil, por exemplo.

Quatro políticas ajudarão a dobrar as taxas de crescimento dos biocombustíveis. O relatório da IEA indica ainda quatro políticas públicas em discussão pelo mundo que terão um “impacto profundo” nas perspectivas dos biocombustíveis nos próximos cinco anos.

Nos Estados Unidos, o Sustainable Aviation Challenge estabelece uma meta para a indústria aérea de usar 11 bilhões de litros de combustível de aviação sustentável (SAF) até 2030, equivalente a 15% do consumo atual de combustível de aviação.

Para apoiar esse objetivo, o governo está trabalhando em um crédito tributário vinculado à intensidade de GEE.

Na União Europeia, o pacote Fit for 55 inclui proposta para um requisito de intensidade de GEE que dobraria a meta existente renováveis no transporte para 14% até 2030.

Também propõe mandato de mistura SAF de 2% até 2025 e melhoria de 2% na intensidade de carbono para o transporte marítimo.

Embora os biocombustíveis e a bioenergia tenham recebido pouca atenção no esboço da China de seu 14º Plano Quinquenal, o país planeja um pico de emissões antes de 2030. Como parte desse plano, a China planeja promover vigorosamente alternativas como biocombustíveis líquidos avançados e SAF.

A Índia terá um desafio para implementar seu mandato de mistura de 20% em apenas cinco anos. Mas, mesmo atingir 11% de mistura, diz a IEA, tornaria o país o terceiro maior mercado de etanol do mundo.

Nayara Machado – EPBR