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Resumo da negociação do 23º leilão de biodiesel


BiodieselBR.com - 29 ago 2011 - 10:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Depois de um primeiro dia sonolento, de um segundo dia tumultuado e um terceiro dia com indícios de comportamento bipolar – alternando momentos de competitividade furiosa com outros de calma quase tediosa –, a fase de lances do 23º Leilão de Biodiesel da ANP chegou ao fim com um último dia de bastante competição. O nome dos vencedores deve ser divulgado pelo ComprasNet durante a tarde desta segunda-feira.

No resumo final, os 700 milhões de litros de biodiesel que vão garantir a mistura obrigatória de 5% de biodiesel no óleo diesel durante o último trimestre de 2011 foram negociados a um preço médio com FAL de R$ 2,3987 – um deságio de 3,82% em relação ao preço de referência médio que foi de R$ 2,4933.

O leilão deveria ter sido encerrado na sexta-feira, mas como a usina ABdiesel se inscreveu erroneamente como micro ou pequena empresa e o ComprasNet não foi desenvolvido para esse tipo de leilão, o certame atrasou. Isso obrigou o leiloeiro a paralisar o pregão e atrasou todo o cronograma da disputa. Por esse motivo, só foi possível abrir o último lote do leilão hoje pela manhã.

A bem da verdade, o desenho da competição no setor de biodiesel deste certame não ficou lá muito distante do padrão histórico. A indústria permanece pacífica durante a disputa dos lotes exclusivos para empresas detentoras do Selo Combustível Social (que corresponde a 80% do volume) e parte para o tudo ou nada assim que o lote para empresas sem selo (os 20% restantes) é aberto. O resultado são preços quase no teto no primeiro caso e à beira do abismo no segundo. No entanto, em função da divisão por região, é bastante provável que, na sua maioria, as usinas que estiveram disputando o lote com selo também deram lances nos lotes sem selo. A ata do pregão que deve sair ainda esta semana deve comprovar essa situação.

A diferença no deságio que a indústria aceita por seu produto é o melhor termômetro desse fenômeno. No leilão 22, por exemplo, enquanto o lote exclusivo para usinas com selo teve um deságio de 2,69%, no lote aberto a todas as usinas, ele ficou em 13,77%.

Embora esse seja um padrão já consolidado, as novas regras – que aumentaram os lotes de dois para 10 – e a sequência como os lotes exclusivos para quem tem selo e para quem não tem foram abertos, tornou muito mais evidente a incongruência desse comportamento.

A explicação padrão é que as grandes usinas com selo que haviam vendido a preços elevados nos lotes exclusivos topavam baixar seus preços para “fazer média” e conseguir vender volumes maiores. Essa sempre foi uma explicação que não faz muito sentido, já que é estranhíssimo que os usineiros não estivessem dispostos a reduzir seu preço em cinco centavos num dia mas aceitassem uma redução de 10 ou 20 centavos no dia seguinte. E isso fica mais curioso quando acontece com uma diferença de poucos minutos como foi visto neste pregão.

Primeiro dia
Apesar de terem sido negociados lotes nas duas maiores regiões produtoras de biodiesel do País – o Sul e o Centro Oeste – a competição do dia foi surpreendentemente leve e o maior deságio do dia ficou em apenas 2,75% no lote 01.

Segundo dia
O segundo dia começou tumultuado com a disputa do lote 03 (Sudeste – com selo) sendo adiada por problemas na inscrição de uma das concorrentes. Após uma suspensão, o certame voltou com a negociação do lote 10 (Nordeste – sem selo) e o lote 08 (Norte – sem selo), totalizando 38,4 milhões de litros. A disputa, então, pegou fogo com o deságio ficando em 10,78% e 8,73%, respectivamente.

Terceiro dia
No terceiro dia, o leilão foi aberto às 10h05 pelo lote 02 (Sul – sem selo) que atingiu um preço médio de R$ 2,1106, deságio de 11,18%. Isso deu a tônica ao que aconteceria no dia ao ver os preços do biodiesel. Ele foi seguido pelo lote 06 (Centro Oeste – sem selo) que negociou 15,4 milhões de litros com um deságio média ainda mais intenso – 17,13%. Não chega a ser totalmente inesperado que os preços desse lote tenham derretido, afinal a ADM perdeu o Selo Combustível Social em fevereiro passado .

O que surpreendeu, contudo, foi a falta de animação do mercado quando o lote 03 (Sudeste – com selo) – o maior lote individual de todo o leilão – foi aberto. Imediatamente, a competição esfriou e o deságio final ficou em surpreendentes 1,92%. E teria sido menor se quase no finalzinho do leilão os itens 61 e 62 não tivessem sido alvo de uma intensa e inesperada disputa.

Quarto dia
Na segunda-feira, foi a vez de bater o martelo nos 60,2 milhões de litros do lote 04 (Sudeste – sem selo). Ao contrário do dia anterior, a disputa foi intensa e teve muitos lances considerados inexequíveis. O deságio alcançou 11,82%, colocando o preço médio em R$ 2,1785, frente a um preço de referência de R$ 2,4705.

Enquete
Durante a cobertura em tempo real do 23º leilão, BiodieselBR aproveitou para sondar um pouco mais os sentimentos do mercado a respeito das mudanças introduzidas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) por meio da Portaria 469 de 03 de agosto de 2011. Uma enquete com mais de 100 profissionais que acompanhavam a transmissão revelou um apoio esmagador à adoção do FAL, com mais de 95% se declarando a favor da mudança contra apenas 5% que a desaprova.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com

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