Resultados dos Grupos de Trabalho da ANP estão esperando aprovação
No final de junho, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou em Brasília (DF) uma audiência pública sobre as Políticas do Programa do Biodiesel. BiodieselBR está fazendo uma série de reportagens tratando de assuntos que vieram a tona durante a audiência. Nessa reportagem falamos sobre os resultados dos Grupos de Trabalho (GTs) criados pela ANP para debater os problemas da cadeia do biodiesel.
Em 2010 quando a situação da mistura entre diesel e biodiesel começou a dar sinais de problemas, uma das medidas que a ANP tomou foi formar três Grupos de Trabalho (GTs) – um sobre transporte, um sobre armazenagem e o terceiro sobre a especificação do diesel e do biodiesel – compostos por representantes de todos os níveis da cadeia de produção e distribuição de óleo diesel. A ideia era entender o que estava acontecendo e descobrir maneiras de resolver o problema.
De lá para cá, os GTs têm se reunido com freqüência, mas os resultados obtidos ainda não foram divulgados. De acordo com a superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da ANP, Rosângela Moreira de Araújo, o GT Especificação já produziu um relatório preliminar depois de oito meses de trabalhos descrevendo as características mais problemáticas da mistura e seu comportamento ao longo da cadeia de distribuição. De acordo com o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, o texto ainda não foi aprovado pela diretoria da ANP.
Entre os achados do GT, que ainda aguardam divulgação, a superintendente da ANP destacou que não conseguiu reproduzir em condições controladas os problemas observados em campo com a mistura. “O importante é que em condições muito controladas não encontramos problemas, mas são condições controladas”, explica a servidora, ressaltando que ainda serão precisos mais estudos para entender direito a questão da degradação e suas condições. Chegou-se a essa conclusão após um acompanhamento da qualidade da mistura diesel e biodiesel na cadeia de abastecimento da Região Sul.
Mas o fato dos resultados do GT ainda estarem pendentes não quer dizer que todo o processo esteja paralisado. A atualização do Guia de Procedimentos de Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B publicado pela ANP no final de fevereiro aproveitou parte das discussões.
Considerando que diversas recomendações contidas no guia foram alvo de críticas por parte dos representantes do setor varejista é possível prever que o relatório do GT dificilmente atingirá consenso. “Uma das recomendações do GT é que trabalhemos com o tanque cheio até a goela para evitar o espaço do ar, como o biodiesel é higroscópico, ele absorve a umidade do ar, então quanto mais produto você tiver no tanque melhor para não absorver umidade”, garante o presidente da Fecombustíveis, ressaltando que isso é factível para grandes postos onde o elevado giro de estoques possibilita esse cuidado.
Mesmo assim, a publicação dos resultados do GT devem indicar algumas medidas importantes para a melhoria das condições de qualidade do setor em movimento. Araújo informou aos membros da audiência que a revisão da especificação do biodiesel vai dedicar atenção especial ao controle de características críticas como teor de água no biodiesel. Este ponto tem sido considerado um dos maiores vilões para a formação de borras e outros problemas de qualidade.
Ao final da reunião a servidora da ANP repassou do deputado Cláudio Cajado (Dem-BA) que presidiu a audiência uma cópia do relatório preliminar do GT.
Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com